Companhia também anunciou investimentos de R$ 3,2 bilhões na Repar.
A Petrobras realizou cerimônia de retomada das atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), em Araucária (PR), no dia 15 de agosto (quinta-feira). O evento contou com a presença da presidente da empresa, Magda Chambriard, e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O investimento previsto para a reabertura da unidade é de R$ 870 milhões. A previsão é de que a produção comece no segundo semestre de 2025. Durante a intervenção para retorno operacional serão gerados mais de dois mil empregos, entre empregados Ansa e das empresas contratadas. Após retorno operacional, devem ser mantidos cerca de 700 empregos diretos.
Atualmente, a fábrica está em processo de contratação de serviços e aquisição de materiais, com previsão de conteúdo local superior a 85%. Após finalizada essa etapa, será realizada a mobilização dos contratos de serviços e manutenção dos equipamentos para o início das atividades. Situada ao lado da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), a Ansa tem capacidade de produção de 720 mil toneladas/ano de ureia, o que corresponde a 8% do mercado; 475 mil toneladas/ano de amônia; além de 450 mil m³/ano do Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32).
—O setor de fertilizantes tem importância estratégica para o país e para a Petrobras, possibilitando diversificação dos negócios da companhia, integração da cadeia do gás natural e ações de descarbonização em linha com a transição energética. Nossa retomada da participação no mercado de fertilizantes passa por comprovação da viabilidade técnica econômica e vai contribuir para reduzir a dependência nacional da importação de fertilizantes, gerando também emprego e renda— comemorou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
Após um acordo proposto pelo Ministério Público do Trabalho e homologado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), 215 ex-funcionários da fábrica reiniciaram suas atividades. Esses trabalhadores haviam sido dispensados em 2020, quando a fábrica foi hibernada. São essencialmente técnicos especializados no funcionamento da planta industrial e foram recontratados pela subsidiária.
Investimentos na Repar — A Petrobras anunciou o investimento de R$ 3,2 bilhões até 2028, previstos no horizonte do PE 24-28, destinado a paradas de manutenção e projetos de investimento na Repar. Serão gerados cerca de 27 mil empregados diretos e indiretos. Entre os projetos, está prevista a implantação de uma nova unidade de hidrotratamento de médios (HDT), que tem por finalidade o aumento da produção de diesel S10, além de projetos de melhoria de eficiência energética, visando uma menor pegada de carbono nas operações e aumento de carga de destilação, para acréscimo da produção de derivados e atendimento ao mercado.
A Repar é pioneira na produção do Diesel R, combustível produzido por coprocessamento (processamento conjunto) de derivados de petróleo (parcela mineral), com matérias-primas de origem vegetal, como óleo de soja. Esse novo combustível é uma alternativa sustentável no ciclo diesel, pois a redução das emissões associada à parcela renovável é de ao menos 60% em comparação com o diesel mineral, podendo ser até maior a depender da matéria-prima utilizada.
A unidade atende cerca de 15% da produção nacional de derivados de petróleo e 85% do abastecimento vai para os estados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. A capacidade instalada é de 33 mil m³/d ou 207.563 bbl/d e os principais produtos são o diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, óleos combustíveis, QAV, propeno, óleos marítimos.
Os fatos — A Petrobras decidiu sair do mercado de fertilizantes em 2017, logo depois que o presidente Michel Temer assumiu a Presidência. Desde então, as fábricas vem sendo fechadas. Essa questão faz parte de um plano de negócios elaborado pela estatal após o impeachment de Dilma Rousseff. A avaliação naquela época era de que a produção de adubos dava prejuízo para a Petrobras.
A Petrobras alegava que ela dava prejuízos desde que foi adquirida, em 2013. Afirmava que os resultados demonstravam a falta de sustentabilidade do negócio. De janeiro a setembro de 2019, o prejuízo foi de quase R$ 250 milhões.
Em fevereiro de 2020, a Petrobras fechou a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), localizada na cidade de Araucária. Também no governo Bolsonaro, a estatal vendeu a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), localizada na cidade de Araucária. Também no seu governo, a estatal vendeu a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN1) em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. As instalações foram compradas pela Acon, um grupo russo.
As primeiras unidades que foram desativadas ficavam no Nordeste. Em março de 2018, encerraram atividades as fábricas de fertilizantes da Bahia, situada em Camaçari, e de Sergipe, no município de Laranjeiras. Em novembro de 2019, a Petrobras conseguiu arrendar as plantas das duas unidades para a Proquigel Química, que só conseguiu reativar as fábricas no ano passado.
Em nota, no ano de 2022, a Petrobras afirmou que — o fechamento das fábricas é coerente com a estratégia adotada pela empresa em 2017, quando decidiu deixar o mercado de fertilizantes.