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19/07/2024

Exportação de 2024 deve fechar em US$ 327,676 bilhões, diz AEB

Redução de 3,5% em relação aos US$ 339,672 bilhões efetivados em 2023. As importações de US$ 250,605 bilhões em 2024, aumento de 4,0% em relação aos US$ 240,834 bilhões realizados em 2023, e prevê um superávit de US$ 77, 71 bilhões neste ano, redução de 22% em relação aos US$ 98,838 bilhões apurados em 2023.

Em revisão de cenários, projeções, dados e particularidades do comércio exterior brasileiro em 2024, as considerações preliminares da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), divulgada no dia 18 de julho (quinta-feira), vê que a exemplo do que ocorreu em 2023, no presente ano de 2024 também tem sido projetadas suaves oscilações de preços e de volumes no comércio exterior de commodities (agropecuária, minério de ferro, petróleo) e de produtos manufaturados, sem a expectativa de alterações bruscas e imprevistas.

De acordo com a AEB, graças a estes fatores, os parâmetros para elaborar a revisão das projeções para 2024 estão mantendo um grau adequado de segurança, devido à previsão de inexistência de oscilações, para cima ou para baixo.

Não obstante estas observações, as projeções levaram em consideração a estabilidade observada no atual cenário econômico mundial e as sinalizações futuras, sob a perspectiva de eventual impacto nos preços e volumes.

Resumindo, não estão sendo esperadas oscilações bruscas de preços ou volumes, fazendo com que as commodities pareçam estar “hibernando”.

Cenários considerados — A manutenção da guerra Ucrânia e Rússia, a estabilidade econômica mundial, a agressividade comercial da China, as ações defensivas comerciais dos Estados Unidos e Europa, o rearranjo industrial no mundo em transição, a inflação mundial, a definição dos níveis das taxas de juros, o equilíbrio no fornecimento de insumos básicos, as oscilações “civilizadas” das cotações das commodities, os níveis de taxas cambiais praticados, entre outros cenários e fatores, permanecem considerados na revisão da balança comercial para 2024.

— Após as commodities terem atingido patamar elevado de cotações a partir de 2021 e com base no conjunto de fatores anteriormente listados, no corrente ano de 2024 observa-se a continuidade de acomodação generalizada de preços, reflexo do atual cenário econômico e geopolítico. Todavia, ainda assim, as atuais cotações das commodities continuam beneficiando as exportações do Brasil— avalia a AEB.

— Por ouro lado, o cenário atual mostra que, devido aos preços mais baixos, porém ainda competitivos, o Brasil torna-se mais dependente das exportações de commodities e sem perspectivas de agregar valor, pois o Brasil e suas empresas exportadoras não têm controle sobre preços e quantum destes produtos. Com isso, o Brasil permanece na dependência de decisão das empresas importadoras e de seus países, em geral desenvolvidos, que fazem valer sua larga tradição em negociações internacionais— continua.

— Enfim, um conjunto de fatores que se entrelaçam estão sendo responsáveis por tentar recolocar a economia mundial nos trilhos do desenvolvimento econômico, mitigando riscos e maximizando decisões em favor da volta à normalidade— destaca a AEB.

Ainda de acordo com a AEB, neste momento de incerteza, insegurança, indefinição e imprevisibilidade torna-se fundamental minimizar seus efeitos negativos e viabilizar condições positivas para reverter o atual cenário econômico mundial, e também doméstico.

— Nesse sentido, definir o amanhã continua sendo um exercício de futurologia, graças ao novo mundo geopolítico, econômico e ambiental que se vislumbra, que será de grandes desafios para o mundo—reflete.

— Finalmente, devem ser consideradas as perspectivas e realidades que poderão advir de uma possível e necessária aprovação da reforma tributária e implementação de Nova Política Industrial—sugere a AEB.

Revisão das projeções para 2024 — A revisão das projeções do comércio exterior brasileiro para 2024 está sendo realizada com base no cenário atual, passível de pequenas oscilações, para cima ou para baixo, porém, sem a expectativa de impactos expressivos sobre seus resultados.

Nesse sentido, com base em análise individual dos principais produtos comercializados, para 2024 são projetadas exportações de US$327,676 bilhões, redução de 3,5% em relação ao montante de US$339,672 bilhões apurado em 2023, enquanto as importações estão previstas em US$250,605 bilhões, aumento de 4% em relação aos US$240,834 bilhões alcançados em 2023, e superávit de US$77,071 bilhões, queda de 22% em relação ao recorde histórico de US$98,838 bilhões apurado em 2023.

Deve ser destacado que, ao contrário do verificado em 2023, quando ocorreram quedas simultâneas nas exportações e importações, porém com superávit recorde, no corrente ano de 2024 são previstas redução das exportações, crescimento das importações e encolhimento do superávit comercial, este último em razão de maior impacto negativo das exportações.

Por fim, como consequência das projeções de queda de 3,5% das exportações e elevação de 4% das importações, a corrente de comércio de US$578,281 bilhões projetada para 2024, apresentará leve queda de 0,4% em relação aos US$580,506 bilhões apurados no ano anterior de 2023.

Projeções de preços e quantum de commodities — Os dois quadros apresentados adiante descrevem as projetadas cotações médias e os volumes anuais das principais commodities efetivamente exportadas pelo Brasil em 2023 e projetadas para 2024, as quais impactam diretamente as receitas de exportação brasileiras.

Conforme mostra o quadro acima, exceção feita a celulose e café não torrado, que projetam elevação de preços, as demais commodities exportadas pelo Brasil sinalizam queda de preços em 2024, cenário diretamente responsável para a redução de 3,5% nas exportações totais do Brasil e para a consequente queda de 22% projetada para o superávit comercial.

Em contrapartida, sob a ótica do quantum, os dados apresentados nesta tabela mostram mais aumentos e menos reduções de volumes totais projetados para exportação das principais commodities pelo Brasil.

Chama a atenção o fato de que apenas três —soja, milho e minério de ferro— das quatro —soja, milho, minério de ferro e petróleo— principais commodities exportadas pelo Brasil projetam queda em seus volumes de exportação, que reduz a receita total das exportações e contribui para redução do superávit comercial.

Enquanto isso, as demais commodities exportadas pelo Brasil projetam elevação generalizada em seus volumes, amenizando e buscando compensar a queda das exportações decorrentes de redução das cotações.

Dados da balança comercial — Os dados da balança comercial brasileira descritos adiante mostram quão erráticos são seus números, com a série analisada a partir de 2013 não possuindo uma sequência lógica ou natural, oscilando para cima ou para baixo ao sabor do mercado internacional, sem o Brasil exercer influência para reverter ou mitigar uma decisão que atinja seus interesses, não obstante a importância do Brasil no mercado mundial de commodities.

Como exemplo, o valor das exportações de US$232,5 bilhões apurado no longínquo ano de 2013 foi superior às exportações de todos os anos subsequentes até 2020, e muito próximo dos recentes anos de 2021, 2022, 2023 e projetado para 2024.

Por outro lado, confrontando o total exportado em 2013 de US$232,5 bilhões com todos os valores apurados entre 2013 e 2020 mostra que em todos estes anos ocorreu redução do montante exportado, significando perda de milhares de empregos qualificados.

Situação similar ocorreu com as importações, que no ano de 2013 alcançaram US$241,5 bilhões, valor praticamente idêntico ao projetado para o corrente ano de 2024., e, exceção feita apenas ao ano de 2022, superior a todos os demais anos, sempre com altos e baixos.

Resumindo, no período entre 2013 e 2021, o montante de exportações e importações foi inferior aos valores apurados neste longo período, uma vez mais significando perda de atividade econômica e redução de postos de trabalho.

Três são os fatores que podem justificar este cenário: o elevado ‘Custo Brasil’, as fortes oscilações das cotações das commodities e imprevistos mundiais com impacto econômico.

Exemplo de imprevisto com impacto econômico foi o que ocorreu em 2021 com a invasão da Ucrânia pela Rússia, e que ainda provoca fortes oscilações de preços e volumes.

Em contrapartida, o recente conflito de Israel coma Palestina não causou alteração do cenário econômico, mesmo não tendo passado desapercebido pelo mundo econômico.

Além destes fatores, deve-se registrar também que a ausência de uma política integrada de comércio exterior no Brasil constitui fator de insegurança jurídica, pois impede a realização de planejamento a médio e longo prazo.

Em resumo, estas constantes alterações fazem com que o Brasil deixe de realizar suas atividades normais e passe por períodos de hibernação, que constitui um vácuo na execução de tarefas, afetando sua normalidade econômica.

Saliente-se que, neste momento existe um sopro de esperança no ar com a possibilidade de aprovação da reforma tributária e de ser implementada uma Nova Política Industrial, fatores que contribuiriam para a redução do ‘Custo Brasil’ e criariam possibilidades para a realização de planejamento a largo prazo, diminuindo as incertezas.

Esta possibilidade de redução de incertezas, por exemplo, poderia ser benéfica para as exportações de produtos manufaturados, ou pelo menos pela maior agregação de valor às commodities, e cuja consequência será a geração de milhares de novos empregos qualificados.

Particularidades: . Em 2024 as exportações de soja em grão poderão atingir 90 milhões de toneladas, com queda de 11,5% em relação ao volume recorde de 101,8 milhões de toneladas embarcadas em 2023, redução decorrente da menor safra colhida no corrente ano;

. Pela primeira vez na história do comércio exterior brasileiro, em 2024, a exportação de petróleo em bruto, projetada em US$50,612 bilhões, assumirá a liderança das exportações brasileiras. Além disso, a exemplo do ocorrido com a exportação de soja no ano passado de 2023, também pela primeira vez, a exportação de petróleo poderá ultrapassar a barreira de US$50 bilhões, mais precisamente US$50,512 bilhões;

. As quedas das exportações e elevação das importações farão com que o comércio exterior brasileiro tenha contribuição negativa no cálculo do PIB de 2024;

. correspondendo à participação acumulada estimada em 36,9% das exportações totais do Brasil, levemente inferior aos 37,2% apurados no ano de 2023;

. Todos os 15 principais produtos exportados pelo Brasil são commodities, com automóveis ficando fora desta lista devido a problemas locais na Argentina, maior agressividade comercial da China e custos elevados do Brasil;

. A taxa cambial ainda deverá ser motivo de altas e baixas em 2024, num mercado volátil e com fatores externos e internos impactando suas cotações, que devem oscilar entre o mínimo de R$5,10 e o máximo de R$5,60, sendo R$5,40 a taxa mediana;

. no ranking mundial de exportação, situação similar a observada com a 25ª classificação com as importações;

. Em 2022, a balança comercial brasileira de produtos manufaturados apresentou déficit de US$128 bilhões. Em 2023 o déficit foi reduzido para US$108 bilhões graças à forte quedas das importações e para 2024 o déficit projetado crescerá para US$123 bilhões, ajudado pela expressiva importação de automóveis híbridos e/ou elétricos;

. No ano de 2022 as importações de automóveis de passageiros alcançaram US$3,636 bilhões, crescendo para US$5,789 bilhões em 2023 e novamente projetando forte expansão de 98% para atingir US$11,462 bilhões em 2024, sendo responsável direto pelo aumento das importações totais brasileiras;

. A manutenção deste resultado negativo da balança comercial de produtos manufaturados mantém sua continua queda de participação na pauta de exportações, gerando exportação de emprego e importação de desemprego, estimados em 4 milhões de postos de trabalho, considerando-se que para cada US$1 bilhão de exportação ou importação são gerados estimados 30 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, além de perda de divisas;

. Após os produtos manufaturados terem alcançado 29,7% de participação na pauta das exportações de 2022, no ano seguinte de 2023 tiveram sua participação novamente reduzida para 28,3% e projetam atingir o índice de 29% no corrente ano de 2024;

. Em 2022 o comércio mundial foi impactado pela invasão da Rússia à Ucrânia, provocando elevação generalizada de preços e aumento de volumes, mas este cenário começou a ser revertido em 2023 e prossegue em 2024, pois a invasão da Palestina por Israel não impactou a reacomodação.

Futuro do Brasil e do seu comércio exterior — O futuro do Brasil, e do comércio exterior em particular, continua dependendo da realização de, pelo menos, duas tarefas indispensáveis: aprovação de reformas estruturais, com destaque para a reforma tributária, e iniciativas para a redução do ‘Custo Brasil’ — diz José Augusto de Castro, presidente executivo da AEB.

— Sem o avanço destas ações, o Brasil continuará sendo um grande exportador de commodities— continua.

— A ausência de concretização destas reformas é diretamente responsável pelas exportações de commodities serem destaque na pauta de exportação, ao contrário dos produtos manufaturados, que permanecem com reduzida participação— lembra Castro.

— No momento em que a reforma tributária já superou seu primeiro obstáculo, resta a expectativa de que outros desafios sejam ultrapassados e novos horizontes se abram para o comércio exterior brasileiro—emenda o presidente,

— Mais do que nunca, o futuro do Brasil depende de nós, brasileiras e brasileiros— conclui.