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12/07/2024

Livre comércio com a China seria muito danoso para o Brasil e o Mercosul, diz Abit

— Um acordo de livre comércio com a China, possibilidade cogitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião de cúpula do Mercosul, seria extremamente danoso à economia do bloco e do Brasil, pois o país asiático tem custos muito menores de produção, considerando aspectos trabalhistas, ambientais, tributários, juros e acesso ao crédito. Além disso, muitas de suas empresas contam com subsídios, e práticas desleais de comércio são recorrentes. Avaliação é da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

O Brasil e demais membros do Mercosul seriam ainda mais inundados por produtos da China e não haveria contrapartida, pois, em decorrência das imensas desvantagens competitivas, não seria possível competir no mercado desse país com produtos locais. Hoje, com a existência de impostos de importação e taxas aduaneiras, muitas mercadorias chinesas já chegam ao varejo brasileiro com preços irrisórios.

Assim, um eventual acordo de livre comércio teria mão única, beneficiando apenas a indústria chinesa e afetando muito a brasileira e dos demais integrantes do Mercosul. Como exemplo da dificuldade de competir com o país asiático, principalmente porque no Brasil há normas mais avançadas nas relações trabalhistas e requisitos ambientais, além de acentuadas desvantagens em termos de tributação, juros e subsídios, a Abit cita os resultados do comércio exterior do setor têxtil e de confecção no primeiro semestre de 2024: 60,12% das importações foram provenientes da China, ao valor de US$ 1,87 bilhão. As exportações para esse país foram de apenas US$ 14,9 milhões. O saldo negativo da balança comercial bilateral foi de US$ 1,85 bilhão.

As realidades da China e das nações do Mercosul são muito diferentes em termos de custos de produção. Quanto à tecnologia e produtividade há mais simetria e até vantagens para muitas empresas brasileiras, mas em todos os demais fatores que compõem o preço final dos produtos os asiáticos têm condições extremamente favoráveis, inviabilizando qualquer acordo de livre comércio, pondera a Abit— conclui a nota da Abit.