E fatura R$2 milhões no primeiro ano. iFinance surge com a proposta de descomplicar gestão financeira para pequenas e médias empresas, e pretende terminar o ano com mais de 30 unidades abertas.
Manter uma empresa no azul é um desafio para milhares de brasileiros que buscam empreender por conta própria. De acordo com dados do Sebrae, 29% dos chamados “pequenos negócios” fecham suas portas após cinco anos. Entre os principais motivos dessa alta taxa de mortalidade está a falta de uma gestão financeira eficiente, que costuma ser colocada em segundo plano, atrás de despesas com pessoal e aluguel.
Observando esses dados, o especialista em Finanças Everton Silva, de 37 anos, decidiu desenvolver um projeto de estudos durante seu curso de MBA na Saint Paul, com o objetivo de criar um modelo de gestão financeira eficiente voltada para pequenas e médias empresas. Na época, ele atuava como Controller do Grupo SMZTO, onde tinha sob seu guarda-chuva as áreas de planejamento e análise financeira, controladoria e tesouraria.
-— Percebi uma demanda entre as franquias com as quais me relacionava no dia a dia. Apesar de terem apoio da franqueadora, muitas quebravam por falta de conhecimento e organização da gestão. E nos estudos e pesquisas realizadas durante o curso não apenas tive uma comprovação destes números, como encontrei um cenário muito pior em relação às pequenas empresas, que apresentavam um nível de mortalidade bem maior — explica Everton.
Então, em 2018, ele decidiu abandonar seu cargo executivo na SMZTO para criar a iFinance – a primeira rede de escritórios especializados em gestão financeira do país. Com tecnologia e mão de obra especializadas, através do formato de franquias, a marca oferece serviços de BPO Financeiro (terceirização de processos de negócios), planejamento, gestão, contabilidade e consultoria, destinados a pequenos empreendedores e franqueados.
— Essa estrutura de gestão é muito comum em grandes empresas, que costumam ter um capital para operacionalização. Já o pequeno e médio empreendedor, apesar de ter as mesmas necessidades, não possuem verba para ter uma estrutura robusta contemplando todas as áreas como essa, e acabam se limitando ao básico de contas a pagar e faturamento, o que impede seu crescimento. O projeto foi concebido para entregar uma solução completa de backoffice, incluindo o BPO financeiro, a um preço acessível para este grupo — completa.
“Dando” clientes para o franqueado — Quando criou a empresa, Everton não pensava em franquear. Pelo contrário, a iFinance surge como um escritório único voltado para serviços de terceirização financeira. Entretanto, durante a pandemia, o crescimento do negócio foi tanto que ele se viu em um gargalo operacional, isto é, tinha mais clientes do que conseguia abarcar. Foi então que, em 2023, teve a ideia de transformar a marca em franquia, transferindo parte destes clientes para as unidades franqueadas.
A relação entre a matriz e as unidades, de forma macro, funciona basicamente nas seguintes responsabilidades: a franqueadora busca os clientes e o franqueado o atende realizando os serviços necessários. Assim, a marca busca equilibrar a sua capacidade de atendimento com a quantidade de clientes disponíveis, e crescer de forma sustentável.
— Nos últimos três meses tivemos uma rápida crescente, com mais de 70 clientes novos. Mantendo esse ritmo, em breve estaremos com os escritórios saturados e necessitando de novas unidades e mais mão de obra. Então os franqueados aumentam a capacidade produtiva e impulsionam o giro comercial, o que nos faz ter mais demandas e buscar novos investidores. Neste modelo, todo mundo ganha: a matriz, os franqueados e os clientes — acrescenta.
A proposta de garantir sustentabilidade financeira para franquias e pequenos negócios também é observada através do modelo de negócio home based, onde não é necessário um escritório físico, o que reduz os custos da operação. Nesse modelo, a empresa transfere aos franqueados as tecnologias, processos e know-how criados e validados pela marca, possibilitando escala e alta rentabilidade. Essa abordagem permite oferecer um preço mais competitivo, com um ticket médio de R$1.500 por mês.
A rede encerrou 2023 com oito unidades abertas, e praticamente dobrou este número nos primeiros quatro meses do ano, contabilizando 15 escritórios em atividade (até abril). A previsão é encerrar 2024 com mais de 30 filiais ao redor do país. O faturamento deve acompanhar esse expoente, passando de R$2 milhões no primeiro ano da franquia, para R$4 milhões até o final de 2024.
Internacionalização e novos serviços —Entre as novidades deste ano estão a mudança da matriz, em São Paulo, a implementação de novos tecnologias de análise de dados e business intelligence, e a implementação de um novo serviço denominado CFO as a Service, que deve mensurar gestão de riscos e investimentos, além de apoiar médias empresas com análises mais estratégicas do negócio. Atualmente este processo está sendo testado em uma das unidades, e posteriormente será liberada para as demais. Além disso, o fundador da rede também aponta para o processo de internacionalização da marca, que deve acontecer nos próximos meses.
— Estamos com uma franqueada nos Estados Unidos avaliando o mercado e levantando potenciais parceiros. Também temos uma agenda em novembro para Portugal, para avaliar a aderência do serviço na Europa. Nosso plano de internacionalização consiste em atender, diretamente do Brasil, por ser um modelo home based, empresários nacionais que possuem negócios no exterior. | www.ifinance.com.br
Raio X da franquia, com investimento inicial a partir de R$65 mil, faturamento médio mensal de R$87 mil, lucro médio mensal de 22%, e prazo de retorno de 12 a 15 meses.