Lançamento trimestral do Observatório de Bioeconomia da FGV.
Emissões de gases do efeito estufa evitadas pela presença da bioenergia atingiram 14,9 milhões de toneladas de CO2eq no primeiro trimestre, segundo Observatório de Bioeconomia da FGV. Mato Grosso (51,7 gCO2eq/MJ), Goiás (57,5 gCO2eq/MJ) e São Paulo (58,2 gCO2eq/MJ) foram os estados com maior presença da bioenergia e menor quantidade de emissões de GEE originadas pela queima de um megajoule de energia pelos veículos leves.
O Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) acaba de lançar mais uma edição do monitoramento de descarbonização na matriz de combustíveis leves. O objetivo é acompanhar, trimestralmente, a dinâmica de consumo de combustíveis no Brasil, com atenção especial à análise e compreensão dos efeitos da bioenergia na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE).
Destaques — No primeiro trimestre de 2024, o consumo energético de combustíveis leves cresceu 3,5% e o consumo do ciclo diesel avançou 3,6% na comparação com igual período do último ano;
A vantagem econômica do etanol e a safra recorde no ciclo 2023/2024 intensificaram as vendas do biocombustível no início de 2024, permitindo que participação do hidratado atingisse expressivos 26,3% no consumo energético total da frota leve no primeiro trimestre deste ano — valor significativamente superior aos 17,7% observados no mesmo período de 2023;
Nos três primeiros meses de 2024, o etanol anidro misturado à gasolina e o etanol hidratado consumido diretamente pelos veículos foram responsáveis por 41,4% da energia consumida pelos veículos leves — esse valor é o maior registrado ao longo dos últimos 12 trimestres da série;
A maior participação do etanol e os ganhos de eficiência energético-ambiental da produção permitiram que a intensidade média de carbono da matriz de combustíveis leves atingisse 62,6 gCO2eq/MJ no primeiro trimestre, alcançando o menor valor observado desde o início de 2021;
Entre as unidades da federação, a variação da intensidade média de carbono da matriz do ciclo Otto foi bastante significativa. Mato Grosso (51,7 gCO2eq/MJ), Goiás (57,5 gCO2eq/MJ) e São Paulo (58,2 gCO2eq/MJ) foram os estados com maior presença da bioenergia e menor quantidade de emissões de GEE originadas da queima de um megajoule de energia pelos veículos leves;
Nos três primeiros meses de 2024, as emissões evitadas pela bioenergia no ciclo Otto alcançaram 10,6 milhões de toneladas de CO2eq, representando o segundo maior valor trimestral registrado desde o início do estudo do Observatório de Bioeconomia da FGV. Para se ter o mesmo resultado em termos de emissões, seria necessário o plantio de 26,2 mil hectares de florestal tropical;
O consumo de diesel B (mistura de diesel puro com biodiesel) atingiu 15,6 bilhões de litros vendidos ante 15,2 bilhões contabilizados no mesmo trimestre de 2023;
A matriz do ciclo diesel registrou intensidade média de carbono de 78,7 gCO2eq/MJ no primeiro trimestre, se consolidando como o menor valor observado desde o início do RenovaBio;
As emissões evitadas pela presença do biodiesel na matriz de pesados alcançaram 4,4 milhões de toneladas de CO2eq, equivalente ao plantio de 10,5 mil hectares de floresta tropical.
Para Luciano Rodrigues, coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório, —Depois de um período conturbado com redução da mistura de biodiesel e eliminação do diferencial tributário do etanol no ciclo Otto, observamos uma recuperação da bioenergia no mercado nacional ao longo dos trimestres de 2023. Seguindo essa tendência, os resultados do primeiro trimestre de 2024 surpreenderam ao registrarem emissão evitada pela bioenergia 26,4% superior àquela observada no mesmo período de 2023 — destaca o pesquisador.