À medida que os formatos tradicionais de telecomunicações estão sob pressão, com mais concorrência, novas expectativas dos clientes, e necessidade de investimentos, as empresas de telecomunicações precisam atualizar seus modelos de negócios. É um caminho irreversível, em que essas organizações devem diminuir lacunas em relação às empresas nativas digitais e mudar a estratégia do telco para techco. Neste caso, devem priorizar a inovação, focar na experiência do cliente e participar da transformação digital de forma contínua. Essas considerações estão na publicação —De empresas de telecom à tecnologia: rumo às telecomunicações do futuro— conduzida pela KPMG.
O conteúdo destacou principalmente que uma empresa techco apresenta as seguintes características: gera valor para seus clientes; opera por meio de arquiteturas de nuvem desfragmentadas; desenvolve uma carteira de serviços digitais; proporciona experiências digitais completas e automação avançada; permite a tomada de decisão baseada em dados; é ágil e inovadora; pode atrair e reter os melhores talentos. Para atingirem a mudança necessária, as organizações de telecomunicações precisarão estar mais conectadas com seus ecossistemas, suas próprias empresas e seus stakeholders. Elas devem ser ágeis e robustas e ter uma abordagem de transformação digital centralizada no cliente que conecte funções de front, middle e back offices.
—Um caminho promissor está no conceito futurista recentemente apresentado em um congresso em Barcelona, conhecido como appless. A tecnologia responderá aos usuários gerando recomendações personalizadas como, por exemplo, para serviços de viagens ou compra de produtos mediante comando de voz. Serão smartphones sem nenhum aplicativo aparente, mas com um sistema operacional que opera como a primeira interface generativa de IA do mundo. Os usuários precisarão apenas dizer o que desejam ela responde em uma interface hiper personalizada. O recurso utiliza Large Language Models multimodais e intermodais, os quais devem integrar os dispositivos em breve, podendo atender às necessidades dos usuários e melhorar as perspectivas de negócios das empresas do setor —afirma Marcio Kanamaru, sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG no Brasil e na América do Sul.
De acordo com a publicação, a definição de padrões de 5G independente indica que o setor já reconheceu a necessidade de transformação. Contudo, a jornada requer investimentos em habilidades técnicas de prestação de serviços e novas competências de comercialização. Além disso, empresas de telecomunicações precisarão avançar na oferta de mais serviços e pensar de modo diferente sobre como elas agregam valor aos clientes. Nesse sentido, os principais desafios a serem superados são os seguintes: oferecer a melhor experiência do usuário e modelos de gerenciamento centrados no cliente; recursos de gerenciamento omnichannel de autoatendimento em tempo real; excelência em marketing digital; IA para automatizar processos internos e front office; alinhamento com requisitos regulatórios, de segurança e privacidade.
—As oportunidades são significativas e o Open Gateway, que transforma redes de telecomunicações em plataformas prontas para desenvolvedores, associado com Inteligência Artificial Generativa, computação de borda, realidade aumentada e gêmeos digitais, pode viabilizar essa transformação. A expectativa também é que a jornada das telcos para as techcos habilite novas formas de monetização e expanda as fronteiras desse mercado —complementa Marcio Kanamaru.
Para a KPMG, há vários modelos techcos emergindo, sendo três os principais. (1) As techcos de serviço focam em desenvolvimento e entrega de soluções para clientes finais utilizando recursos disponíveis. São ágeis na adoção de tecnologias emergentes, engajando clientes B2C e B2B e liderando serviços de tecnologia de ponta. (2) Techcos de rede focam em redes baseadas em nuvem e plataformas de comercialização de IAP que permitam que os desenvolvedores insiram a rede como um serviço (NaaS) nas soluções digitais. Elas priorizam escala, eficiência e automação de processos para permanecer na vanguarda da inovação tecnológica, aprimorar a realização de serviços, e manter a vantagem competitiva. (3) As tecnologias dominantes combinam tanto as competências em tecnologia de serviços como as competências em tecnologia de rede para definir tendências setoriais e inovar em soluções de ponta que as ajudem a solidificar sua posição de liderança de mercado.