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20/04/2024

A inundação de aço chinês que ameaça a indústria latino-americana, diz Alacero

Nos últimos 20 anos, a China se tornou o maior produtor de aço do mundo, aumentando sua participação de 15% em 2000 para 54% em 2023. No mesmo período, a América Latina aumentou sua produção em 4%, enquanto a China aumentou em 693%. A América Latina emite 1,55 toneladas de CO2 por cada tonelada de aço produzida, enquanto a China emite 2,24 toneladas por tonelada, 44% a mais.

Segundo o vídeo divulgado no dia 19 de abril (sexta-feira) pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), o domínio da China na produção de aço atingiu novos patamares, representando mais da metade da produção mundial em 2023. Por outro lado, a América Latina viu um modesto aumento em sua produção desde o ano 2000. Essa disparidade é o resultado da estratégia do governo chinês de apoiar suas empresas siderúrgicas com subsídios significativos que reduzem os custos operacionais e potencializam as exportações, sem exigir padrões de qualidade ou ambientais comparáveis aos de seus concorrentes internacionais.

O impacto dessa política foi um fluxo massivo de aço chinês a preços inigualáveis no mercado latino-americano, o que levou a um recorde de importações em 2023 e iniciou um processo de desindustrialização na região. Esta situação deixou as empresas locais incapazes de competir, resultando em fechamentos de operações e perda de empregos.

—O recente anúncio da suspensão definitiva da planta siderúrgica Huachipato causou grande preocupação, sendo considerado não como um fato isolado, mas como evidência de um problema mais amplo na indústria do aço na América Latina. Essa situação se agravou devido ao aumento das importações de aço chinês a preços baixos, que bateram recordes em 2023. Embora esse problema também afete outras regiões, países da Europa, América do Norte e recentemente México responderam com medidas de defesa comercial, como a imposição de tarifas de 25% em certos produtos de aço, com o objetivo de equilibrar o terreno para a competição no mercado local e enfrentar o dumping chinês — afirma Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.

A inundação de produtos de aço a baixos custos, longe de ser apenas uma questão de mercado, representa uma ameaça direta para mais de 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos que a indústria do aço da América Latina gera e para a sustentabilidade econômica e ambiental da região. As emissões de CO2 da China na produção de aço são 44% maiores do que as da América Latina, o que reforça a importância de enfrentar esse desafio, não apenas do ponto de vista econômico mas, também, ambiental.

Diante deste cenário, apresenta-se como imperativo urgente que os governos latino-americanos implementem medidas eficazes de defesa comercial. A adoção de tarifas, bem como a exigência de cumprimento de padrões de qualidade e ambientais nas importações, perfilam-se como soluções potenciais para essa situação crítica.

É hora de tomar ação coordenada e decisiva. A indústria do aço na América Latina não apenas sustenta empregos e contribui para o desenvolvimento econômico, mas é fundamental para a mobilidade social e na criação de infraestruturas para um mundo mais sustentável. | Vídeo: https://shre.ink/8AOB

Alacero — A Associação Latino-Americana do Aço é uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne a cadeia de valor do aço na América Latina com o objetivo de promover o emprego industrial de qualidade, a integração regional, a inovação tecnológica, o cuidado com o meio ambiente, a excelência em recursos humanos, a segurança no trabalho, o desenvolvimento integral de suas comunidades e a responsabilidade empresarial. Fundada em 1959, é composta por mais de 60 empresas produtoras e relacionadas e cerca de 1,4 milhão de trabalhadores, cuja produção é de 62 milhões de toneladas anuais. Alacero é reconhecida como Organismo Consultor Especial pelas Nações Unidas. Representa o aço da América Latina perante organismos internacionais como worldsteel, OCDE, Agência Internacional de Energia (IEA), ONU (UNCTAD) e BID, aos quais leva as ideias e posições de seus associados.