De acordo com a Abegás, o veículo movido a gás proporciona uma economia de 43% a 58% para as empresas.
O momento do transporte rodoviário de cargas exige que as empresas busquem alternativas menos poluentes e a integração da agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança corporativa) como uma oportunidade de expandir seus negócios.
No trato com o meio ambiente, o setor é um dos maiores responsáveis de fases de efeito estufa: segundo informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o transporte corresponde a 20% das emissões globais de CO². No Brasil, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, é responsável por cerca de 9% emissões totais.
Assim, algumas das iniciativas adotadas pelas organizações incluem a reciclagem dos materiais usados, a coleta seletiva de lixo, a introdução de tecnologias em processos internos, caminhões elétricos e a gás e contribuição em causas sociais, dentre outras ações.
Recentemente, a TKE Logística, empresa de transporte de bens de consumo e indústria de transformação, localizada em Araranguá, no sul de Santa Catarina, concluiu um projeto em conjunto com um de seus parceiros na produção de um veículo movido a gás natural veicular (GNV).
Franco Gonçalves, gerente administrativo da empresa, descreve como surgiu a ideia de obter um veículo assim: —Nós sempre estudamos alternativas para a forma como trabalhamos: ‘O que poderia ser diferente? O que poderá ser o futuro? Como seria na prática?’. Essas ideias encontraram-se com as de um de nossos parceiros, que gostaria de usar veículos GNV para transportar seu produto carbono neutro. Com essa parceria, criamos uma edição especial em verde e branco, utilizando elementos das árvores e sua característica cíclica (que crescem e florescem e cujos, ao cair, podem ser utilizados para adubação) para criar uma identidade visual própria—.
Frota e benefícios —Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, somente de janeiro a fevereiro de 2023, as vendas de caminhões a gás e elétricos cresceram 157,1%.
O Brasil possui hoje a quarta maior frota mundial de veículos leves movidos a GNV, cerca de 2,5 milhões segundo dados do IBGE fornecidos pela Associação das Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
—Este veículo tem algumas características que podem beneficiar especialmente empresas que desejam diminuir seu impacto ambiental e que são capazes de produzir seu próprio biogás (aquele que pode ser gerado de aterros sanitários ou restos de material orgânico). Em operações rodoviárias, as empresas que iniciaram o uso desse tipo de veículos são aquelas que buscam fomentar o desenvolvimento de alternativas e das estruturas para a popularização das novas tecnologias. São os early adopters, ou ‘usuários pioneiros’— relata Franco sobre os benefícios para a operação.
Economia— Além de diminuir a poluição e outros impactos ambientais, o veículo apresenta maior eficiência no consumo. De acordo com a Abegás, o gás veicular proporciona economia de 43% a 58% quando comparado à gasolina e de 44% a 60% em relação ao etanol. Além disso, peças e componentes que entram em contato com o gás acumulam menos impurezas, diminuindo o desgaste do motor e o risco de danificá-los. Como resultado, caminhões que funcionam a GNV podem ser até 20% menos ruidosos que aqueles a combustão.
Na visão de Franco, é preciso tempo para definir se a expansão da frota como essa pode ser viável: —Hoje, o veículo a gás tem algumas exigências específicas para ser operacional. É necessária uma rede de abastecimento com estrutura para recebê-los, bem como serviços de manutenção especializados. Por agora, vamos iniciar as operações para poder definir se é uma tendência ou não em nossas atividades —pondera.
Iniciativas —É evidente a preocupação do setor em contribuir com a sustentabilidade do planeta, e para isso a implementação de iniciativas e o compromisso com o meio ambiente fazem com que, a cada dia, os números negativos diminuam.
—Nossa lista de iniciativas que gostaríamos de implementar a cada ano só aumenta, mas é necessário realizar investimentos com assertividade para podermos avaliar os resultados e de fato contribuir para o setor. Por hora, vamos focar nesse projeto— finaliza o gerente administrativo sobre os próximos passos da TKE.
Franco Gonçalves:— Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística. Formado na Universidade do Sul de Santa Catarina em Administração, Negócios e Marketing, realizou curso de extensão na ST. John International University, em Vivoto, na Itália. Em 2018, realizou especialização em Finanças e Controladoria, Administração e Negócios pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Recentemente, concluiu o curso MBA em Transporte Rodoviário de Cargas, Administração e Negócios na Católica de Santa Catarina – Centro Universitário.