Exportações caíram 14,2% em volume e 8,8% no comparativo do acumulado do ano.
Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, entre janeiro e novembro, a indústria calçadista embarcou 110,9 milhões de pares, que geraram US$ 1,09 bilhão, resultados inferiores tanto em volume (-14,2%) quanto em receita (-8,8%) em relação ao mesmo período do ano passado. Já no recorte de novembro, as exportações somaram 8,47 milhões de pares e US$ 87,4 milhões, quedas de 16,3% e 8,5%, respectivamente, ante igual mês de 2022.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que os embarques seguem refletindo o cenário internacional de desaquecimento do mercado, inflação e juros elevados em alguns dos principais destinos do setor. A notícia positiva, no entanto, é a recuperação das exportações para os Estados Unidos, embora seja em função de uma base mais fraca.
—Nos últimos meses do ano passado, já estávamos encontrando algumas dificuldades nos Estados Unidos. O crescimento, apesar de ser um alento para o setor, é reflexo de uma base muito fraca — destaca o dirigente. A concorrência chinesa, que vem aumentando seus embarques no mundo todo, é outro entrave para os embarques nacionais. —Concorrer com a China, um país que produz 5cinco de cada dez pares de calçados no mundo, e que promove dumping — preços diferentes no seu mercado doméstico e no internacional —, sem cumprir legislações trabalhistas e de sustentabilidade é muito difícil. No ano passado, com os fretes mais caros, tivemos vantagens competitivas para países geograficamente mais próximos, mas com a normalização do preço perdemos mercado— explica Ferreira.
Destinos — Entre janeiro e novembro, o principal destino do calçado brasileiro no exterior foi a Argentina, para onde foram embarcados 13,67 milhões de pares, que geraram US$ 216,36 milhões, queda de 9,6% em volume e incremento de 28,2% em receita ante o mesmo período do ano passado. No recorte de novembro, foram embarcados para lá 762,48 mil pares por US$ 13,43 milhões, queda de 2,8% em volume e incremento de 21,3% em receita na relação com intervalo correspondente de 2022.
No acumulado, os Estados Unidos foram o segundo destino do calçado verde-amarelo no exterior. Para lá, foram embarcados 9,73 milhões de pares que geraram US$ 210,48 milhões, quedas de 41,2% e 32,3,%, respectivamente, ante mesmo ínterim do ano passado. Já no recorte de novembro, os embarques brasileiros para lá somaram 1,1 milhão de pares e US$ 19,25 milhões, incrementos de 89,6% e 29%, respectivamente, ante o mês 11 de 2022.
O terceiro destino do produto nacional no ano foi a França. Entre janeiro e novembro, foram embarcados para lá 2,63 milhões de pares, que geraram US$ 53,38 milhões, quedas de 54,8% e 10,3%, respectivamente, ante o mesmo intervalo do ano passado. No recorte de novembro, as exportações brasileiras para a França somaram 143,48 mil pares e US$ 4,35 milhões, quedas de 49,7% e 20,4%, respectivamente, no comparativo com o mesmo mês de 2022.
Estados exportadores — O principal exportador de calçados do Brasil segue sendo o Rio Grande do Sul. Entre janeiro e novembro, partiram das fábricas gaúchas 33,15 milhões de pares, que geraram US$ 506,9 milhões, quedas de 16,4% e 10,6%, respectivamente, ante o mesmo intervalo do ano passado. Já no recorte de novembro, as exportações gaúchas somaram 2,68 milhões de pares e US$ 40 milhões, quedas de 13,5% e 13,7%, respectivamente, ante o mês correspondente de 2022.
O segundo exportador de 2023 foi o Ceará. No acumulado do ano, as fábricas cearenses embarcaram 33,96 milhões de pares, que geraram US$ 247,7 milhões, queda de 8,3% em volume e incremento de 1,4% em receita em relação ao mesmo período de 2022. No recorte de novembro, as exportações cearenses somaram 2,7 milhões de pares e US$ 20,86 milhões, incrementos de 20,2% e 25,6%, respectivamente, ante novembro passado.
Na terceira posição entre os estados exportadores aparece São Paulo. Entre janeiro e novembro, as fábricas paulistas exportaram 7,2 milhões de pares por US$ 102,88 milhões, quedas de 28,6% e 20,5%, respectivamente, em relação ao mesmo intervalo de 2022. No recorte de novembro, partiram de São Paulo 555,9 mil pares por US$ 8,5 milhões, quedas de 48,8% e 27%, ante o mesmo mês do ano passado.