As pessoas no Brasil e no mundo são em sua totalidade presas para estelionatários, essencialmente por conta das novas tecnologias. Acuados, todos nós estamos vulneráveis com a constante inovação e ousadia de criminosos que a cada dia se reinventam em diversas modalidades. Estamos todos na mira, porém os idosos ainda são a preferência. Há uma carência enorme e uma necessidade emergencial das instituições de fiscalização, de polícia e da própria justiça em se atualizar para minimizar essa onda crescente de delitos.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, O número de estelionatos no Brasil mais que quadruplicou nos últimos cinco anos. Somente em 2022, foram registrados quase 2 milhões de casos do crime, 326% a mais que em 2018, quando ocorreram pouco mais de 400 mil.
O mesmo Anuário revelou que foram registradas mais de 200 mil vítimas de golpes de crimes digitais no Brasil, o que representa um aumento de 65,2% em relação ao anterior. As informações se baseiam em dados oficiais de secretarias estaduais e de órgãos de segurança.
Tal avanço nos meios eletrônicos, certamente foi agravado pela pandemia, quando o isolamento social turbinou a comunicação das pessoas de forma online. Paralelamente, sem a circulação das pessoas, os criminosos “perderam renda”, sem roubos na rua. Dessa forma, se reinventaram e se antes haviam 100 estelionatos com golpe na esquina, agora são incontáveis.
Para o crime organizado, o ambiente digital foi um achado, pois é possível estimular desenfreadamente crimes que não têm a necessidade de violência física, justamente os que chamam a atenção da polícia. Agora, por de trás das telas, eles agem em outro estado ou país. Muitas vezes o crime acontece com alguém no Rio, mas a origem é de um computador do Nordeste. Como a polícia pode investigar um caso cujo IP do crime é de outra região? Com inteligência, tecnologia e integração.
Mais uma vez é notória a necessidade de uma polícia que atue de forma coordenada em todo o país. Esse é o grande x da questão, ou seja, avaliarmos o quanto o setor de inteligência da polícia, não só do Rio, mas de todo o Brasil, está preparado para lidar com uma quantidade grande de casos de estelionatos e de inúmeras modalidades diferentes, regiões distintas etc.
O mundo mudou e com ele a prática criminosa. Nossas polícias e o judiciário precisam acompanhar e dar conta de tantos golpes simultâneos, em diversos meios digitais, sem esquecer dos tradicionais praticados no mundo off line. É preciso investimento em cursos, treinamentos e tecnologia para que possamos bloquear ações de criminosos, inclusive os virtuais.
. Por: Marcos Espínola, advogado criminalista e especialista em segurança pública.