Para ajudar a atingir as metas de conservação globais. Recentes avanços científicos revelam que 61% da captura de carbono pelas florestas pode ser alcançada por meio da proteção das florestas existentes, com o Brasil tendo o potencial de contribuir com quase 12% da redução global de carbono por florestas. Restor recebe uma doação transformadora de US$ 1,9 milhão do Google, reforçando sua capacidade de transformar a ciência em ação, capacitando governos, incluindo o do Brasil, em sua busca para deter e reverter a perda de biodiversidade até 2030.
Um novo estudo do laboratório de pesquisas que fundou o Restor, o Crowther Lab da ETH Zürich, reforça que florestas nativas biodiversas têm papel chave no cumprimento das metas globais de clima e de biodiversidade. O estudo revelou que as florestas nativas biodiversas têm o surpreendente potencial de capturar aproximadamente 226 Gt de carbono, equivalente a 30% das metas de redução de carbono globais. A maior parte desse potencial, 61%, pode ser efetivada por meio de iniciativas lideradas pela comunidade para proteger as florestas naturais existentes. Os restantes 88 Gt (39%) podem ser alcançados por meio de iniciativas lideradas pelas comunidades para reconectar florestas fragmentadas e restaurar áreas florestais degradadas.
Apesar de as paisagens florestais representarem 59,4% da cobertura da terra do Brasil, o país enfrentou uma realidade impactante em 2022, representando 43% do desmatamento tropical global. Isso resultou na perda de quase 2 milhões de hectares na Floresta Amazônica, sendo a maior perda não relacionada a incêndios desde 2005, representando uma ameaça significativa à rica biodiversidade da região, que abriga mais de 50.000 plantas, 1.300 aves, 2.700 peixes e inúmeros insetos, colocando espécies únicas em risco.
O cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris exige um investimento substancial de R$ 228 bilhões de fontes públicas e privadas, com o objetivo de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030. No entanto, conservando, restaurando e gerenciando de forma sustentável suas florestas, o Brasil pode contribuir com 11,2% (25,4 Gt de carbono) da redução global de carbono por florestas, conforme demonstrado na pesquisa mais recente do Crowther Lab.
O estudo ainda enfatiza que esse potencial florestal não pode ser alcançado por meio de plantações de monoculturas de árvores. Na verdade, requer um desenvolvimento equitativo, incluindo políticas de gestão de terras que priorizem os direitos e o bem-estar das comunidades locais, dos povos indígenas e de produtores rurais que promovam a biodiversidade em todo o mundo.
A iniciativa do Restor oferece uma solução viável, capacitando governos, como o do Brasil, a frear e reverter a perda de biodiversidade até 2030. O Restor transforma ciência em ação, atendendo iniciativas lideradas pela comunidade, governos, organizações comunitárias e empresas. Para reforçar a capacidade da plataforma, o Restor recebeu uma doação adicional de US$ 1,9 milhão do Google para fortalecer sua capacidade de monitorar e acompanhar o progresso em relação às metas globais de biodiversidade.
Comunidades locais —O Restor foi desenvolvido para facilitar milhões de iniciativas de biodiversidade lideradas por comunidades em todo o mundo. Atualmente, o Restor oferece visibilidade e conectividade a 130.000 projetos em mais de 140 países. Ele fornece dados científicos para acompanhar o progresso em relação a carbono, água e biodiversidade, além de imagens de satélite de alta resolução que mostram mudanças ao longo do tempo.
Empresas — Ao apoiar iniciativas locais em todo o mundo, o Restor também ajuda empresas e instituições financeiras a acompanhar compromissos de conservação e a demonstrar seu impacto na natureza. Para um impacto positivo na natureza, as organizações devem primeiro analisar suas próprias cadeias de suprimentos para acabar com o desmatamento dentro delas. O Restor pode auxiliar nesse processo ao exibir taxas de desmatamento nas regiões de fornecimento. Além disso, pode favorecer o desenvolvimento equitativo ao investir em portfólios de esforços liderados pelas comunidades que promovam a biodiversidade, milhares dos quais podem ser encontrados na rede Restor.
Governos —O Restor também é capaz de apoiar os governos no acompanhamento e em relatos de progresso de seus compromissos de biodiversidade. Com dados provenientes de sua rede de iniciativas lideradas localmente, o Restor pode rastrear metas climáticas e de biodiversidade delineadas em compromissos como o Acordo de Paris, a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra e o Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal. Ele fornece aos formuladores de políticas os dados necessários para tomar decisões, acompanhar o progresso e acelerar os esforços.
Com uma frente de união entre comunidades, governos e empresas para frear a perda de biodiversidade, esses objetivos podem ser alcançados.
— Os povos indígenas guardam 22% das florestas do mundo e protegem 80% da biodiversidade da Terra— diz Thomas Crowther, fundador do Restor e autor sênior da pesquisa. —Os sistemas políticos e financeiros devem promover e capacitar esses guardiões da natureza, os quais nos protegem contra as ameaças da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas—.
—Com o Restor, qualquer pessoa pode explorar as implicações deste novo estudo para sua empresa, país ou ambiente local— diz Thomas Elliott, CEO do Restor. —Nossa missão é conectar os guardiões da natureza a uma rede global de atores que podem facilitar a proteção e restauração da biodiversidade em todo o mundo—.
—Essa ciência reafirma como um clima futuro seguro para todos exige a proteção e a restauração de nossas florestas, juntamente com reduções acentuadas nas emissões de combustíveis fósseis— diz a Dra. Susan Cook-Patton, cientista sênior de restauração florestal da The Nature Conservancy. —Para trabalhar em direção a um futuro equitativo, precisamos reduzir nossas emissões e investir na natureza—.
—Essa nova pesquisa quantifica o impacto que a proteção e a restauração de florestas podem ter não apenas sobre o clima, mas também sobre a renda das pessoas que trabalham com sistemas florestais — disse Valmir Ortega, CEO da Belterra Agroforestry (Finalista do Prêmio Earthshot 2023). —Por meio do Restor, estamos dando visibilidade à rede de pequenos agricultores da Belterra à medida que eles se conectam a mercados naturais que podem ajudá-los a ampliar seu impacto—.
—Ao apoiar iniciativas lideradas pela comunidade que colocam a natureza em primeiro lugar, o Restor está ajudando organizações que melhoram a resiliência de nossos ecossistemas, ao mesmo tempo em que combatem as mudanças climáticas e proporcionam renda sustentável aos administradores da natureza— disse Johannes van de Ven, da Good Energies Foundation. Muitas organizações visionárias em todo o Brasil já estão fazendo isso e é vital que continuemos a criar as condições para que elas ganhem escala coletivamente—.
—Pela primeira vez, o potencial de crescimento e recuperação florestal em terras desmatadas e florestas degradadas foi avaliado coletivamente para revelar um enorme potencial de armazenamento de carbono e conservação da biodiversidade— disse a Dra. Robin Chazdon, Professora Emérita, University of Connecticut e Professora do Tropical Forests and People Center, University of the Sunshine Coast. —A combinação de métodos baseados em terra e derivados de satélite fornece uma avaliação robusta que pode orientar esforços de restauração responsáveis e sustentáveis usando métodos apropriados ao local e de baixo custo, incluindo a regeneração natural assistida. A restauração de florestas não precisa substituir os usos ativos de terras agrícolas e não requer um preço alto ou o plantio maciço de árvores, mas para atingir esse potencial será necessário um compromisso político sustentado, estruturas de incentivo eficazes e o envolvimento local das comunidades. Os benefícios da restauração florestal serão alcançados com o tempo e ações bem planejadas precisam começar agora—.
—O Observatório de Restauração e Reflorestamento é uma plataforma de monitoramento de abrangência nacional que vem construindo uma forte governança com coletivos que atuam em biomas específicos, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica— disse Tainah Godoy, diretora executiva do Observatório da Restauração e Reflorestamento.
—Dessa forma, destacamos a importância das iniciativas locais de restauração no Brasil e construímos um banco de dados robusto e transparente, baseado em critérios comuns. A parceria com o Restor é muito bem-vinda e nos dá visibilidade global, possibilitando conexões antes inimagináveis—.
—Embora as florestas não possam substituir as reduções de emissões, nossos resultados apoiam a ideia de que a conservação, a recuperação e o manejo sustentável de diversas florestas oferecem contribuições valiosas para atingir as metas globais de clima e biodiversidade —enfatiza o Dr. Pedro Brancalion, professor da Universidade de São
Paulo e coautor do estudo.
—A perda de florestas no Brasil mais do que dobrou desde 2015, passando de 8.288 km² naquele naquele ano para 17.726 km² em 2022, um salto de 113,8%. Precisamos de uma frente unida para evitar as piores consequências da perda de biodiversidade e das mudanças climáticas, além de todos os impactos sociais negativos que elas têm causado. Os esforços que plataformas como a Restor estão fazendo fornecem insights essenciais para criar impactos realmente sustentáveis e promover o tipo de parcerias e engajamento de que precisamos para avançar com a agenda global de restauração—.
Restor — Criando um mundo onde cada ação impacta positivamente a natureza. Restor é uma plataforma geoespacial de dados abertos que oferece a guardiões da natureza acesso à ciência ecológica mais recente, para contar histórias de impacto. Com mais de 130 mil iniciativas cadastradas, a Restor é a maior rede de áreas de restauração e conservação lideradas pela comunidade em todo o mundo. Por meio do Restor, governos, empresas, financiadores de impacto e instituições financeiras podem se conectar e contribuir para o uso regenerativo da terra da qual todos nós dependemos.