Volta do mercado corporativo e das viagens de fim de ano vão puxar setor até dezembro; companhias aéreas batem recorde.
O turismo nacional deve crescer 11,5% em 2023 em relação ao ano passado, confirmando a boa fase do setor após a crise que o afetou severamente durante a pandemia de covid-19. Os dados são do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
De acordo com a Entidade, o número se explica pelo fato de os brasileiros estarem investindo mais em viagens, o que vai manter o setor aquecido nos próximos meses — principalmente com a chegada do fim do ano. A volta da agenda do mercado de turismo corporativo, com feiras e eventos, também tem sido um importante motor. No período de janeiro a agosto, o setor apontou um incremento financeiro de mais de R$ 12 bilhões em comparação ao mesmo intervalo de 2022, com alta de quase 11%. Empresas de transporte aéreo de passageiros foram o grande destaque da pesquisa: ao movimentar 8,2 milhões de pessoas no mês de agosto, obtiveram receitas em torno de R$ 3,9 bilhões, o maior registro da série histórica da FecomercioSP, iniciada em 2011. Na comparação do faturamento do setor entre janeiro e agosto, a alta foi de 17,1% para 2022.
Os meios de hospedagem também colaboraram para o crescimento, ao avançar 9,8% e faturar R$ 1,6 bilhões em agosto. O número é explicado, nesse caso, pela alta no preço médio das diárias no Brasil, que foi de 18% no período, segundo o Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).
Dentre as atividades que também registraram aumento, estão as culturais, recreativas e esportivas (2,7%) e as agências, operadoras e outros serviços de turismo (2,5%). Já o transporte rodoviário apontou uma queda de 11,1%, em decorrência da competitividade de preços com o setor aéreo, que reduziu a tarifa média em agosto. No entanto, no mês seguinte, os preços voltaram a subir (13,47%) em virtude do impacto de grandes eventos, como o festival The Town, em São Paulo. As hospedagens também sofreram um aumento de 1,17%.
Setor inflacionado — Se a expansão da demanda é um fator a ser comemorado, também faz pressão sobre os custos, inflacionando, como consequência, os preços do setor. Em outro levantamento, de setembro, a FecomercioSP destaca que a inflação no setor do turismo brasileiro já cresceu 8,26% no acumulado de 12 meses. Apesar de ser um patamar elevado, pouco difere da inflação do País, que estava em 5,19% até o mês passado.
A Entidade não vê sinais de redução mais significativa nos preços dos serviços turísticos em curto e médio prazos, muito por causa da demanda aquecida. Ainda assim, o setor seguirá favorável, com pequenas variações como forma de equilibrar demanda e preços.
Nordeste em alta — Em agosto, o Estado que mais faturou com turismo foi Alagoas (16,3%), seguido pela Paraíba (15,3%), que também registrou a maior alta entre janeiro e agosto (16,5%). Roraima, que pertence à Região Norte, completa o pódio, com aumento de 14% em agosto. O Estado de São Paulo, por sua vez, se manteve estável, ao faturar cerca de R$ 4 bilhões, apesar de não ter crescido no mesmo ritmo dos campeões do ranking — a região possui um terço de todo o mercado de turismo brasileiro em termos de receitas. Por outro lado, Mato Grosso do Sul (-14,3%), Amapá (-6,9%) e Ceará (-2,4%) apontaram as maiores retrações do mês. Os dados estaduais não contabilizam o faturamento do setor aéreo, por isso, o número absoluto fica diferente do total das receitas.