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28/10/2023

Distração, sonolência e presença infantil

Razões que justificam o monitoramento de motoristas.

Os europeus que estão à procura de um carro novo já começam a se familiarizar com os chamados DMS (Driver Monitoring Systems), ou Sistemas de Monitoramento de Motorista. Isso porque, a partir de 2024 todos os novos carros, saídos das fábricas da União Europeia, deverão ter esse equipamento de segurança como padrão. Um DMS utiliza sensores e software para monitorar o comportamento e a condição do motorista, ajudando a melhorar a segurança e o desempenho. Alguns desses recursos são eficientes e confiáveis, já outros são bastante imprevisíveis.

Existem três grandes motivadores que impulsionam a adoção de DMS: Em primeiro lugar, a nova regulamentação, especialmente na Europa, determinou que os automóveis detectem desatenção, sonolência e outras formas de deficiência do condutor. Também há negociações em nível federal nos Estados Unidos, sobre a regulamentação em torno da detecção de intoxicação. Parece ser uma fronteira crescente na regulamentação de segurança no setor automotivo.

Em segundo lugar, os veículos autônomos enfrentam numerosos desafios técnicos e provavelmente levarão muito mais tempo para acertar do que muitos otimistas tecnológicos previram inicialmente. À medida que os carros continuam a ser operados por humanos, monitorizar o estado do condutor irá torná-los mais seguros.

Terceiro, muitos recursos do chamado ADAS, sigla em inglês, para Sistema Avançado de Assistência ao Motorista, incomodaram os motoristas nos últimos anos por tentar corrigir, por exemplo, mudanças de faixas durante a condução.

Uma frase de efeito na indústria automotiva é: “DMS salvará ADAS”. Se um DMS pudesse ver que o motorista estava perfeitamente alerta e decidido a fazer algo intencionalmente, o sistema ADAS poderia deixá-lo em paz. Mas se ele estivesse correndo em alta velocidade na chuva, sem sono e visivelmente distraído olhando para o telefone, o ADAS poderia intervir com base nas informações do DMS.

O bom, o ruim, e o inconsistente — Para alguns motoristas, pode parecer um pouco paternalista e restritivo ter um software monitorando-os enquanto dirigem. Se isso soa familiar, considere selecionar um novo veículo com um DMS que tenha a opção de desativar determinados recursos. Muitas montadoras oferecem um “modo de alarme reduzido”. Os engenheiros ainda estão resolvendo muitos problemas com esses sistemas, mas estou confiante de que atualizações de software e recalls de produtos, devido a alertas falsos irritantes, se tornarão mais comuns nos próximos anos.

Ao fazer um test drive com um carro ‘padrão europeu 2024’, certifique-se de examinar também o DMS analisando cinco principais recursos dessa tecnologia:

Identificação do Motorista: A tecnologia utiliza o reconhecimento facial para identificar o condutor e ajustar as configurações do veículo em conformidade. Ele pode lembrar as preferências de vários motoristas, incluindo a posição do assento, os ângulos dos espelhos e até mesmo a temperatura preferida. Essa experiência personalizada economiza tempo e aumenta o conforto.

Detecção de distração: A distração é uma causa proeminente de acidentes na estrada. Um bom DMS deve ser capaz de detectar quando o motorista está distraído, seja por telefone, rádio ou algo fora do veículo. O sistema pode então alertar o condutor ou tomar medidas corretivas para evitar potenciais acidentes. A maioria dos sistemas faz isso com uma câmera que detecta a direção do olhar do motorista e, às vezes, de objetos como telefones. Este tipo de sistema DMS também proporciona tranquilidade adicional aos pais de motoristas adolescentes.

Detecção de sonolência: A sonolência é uma das causas mais comuns de acidentes rodoviários e, portanto, um recurso vital do DMS. Sua função é detectar quando o motorista está perigosamente sonolento e, em seguida, soar um alerta ou até mesmo assumir o controle do veículo para evitar um acidente. Os algoritmos para detectar sonolência variam significativamente na forma como funcionam e quão bem funcionam. Um DMS pode usar os movimentos dos olhos ou das pálpebras do motorista, expressões faciais ou outros sinais físicos.

A sonolência é algo que muitas equipes de engenharia têm lutado para medir com precisão. Um teste rigoroso de um sistema de detecção de sonolência requer especialistas treinados em ciência do sono, portanto, isso não é algo que se possa avaliar em um test drive. No entanto, existem algumas coisas simples a verificar.

Primeiro, ver se ele responde aos bocejos. Nesse caso, é um indicador de um sistema deficiente, pois os bocejos nem sempre estão relacionados à sonolência. A seguir, brinque ou aja cansado de uma forma bem performática. Se responder a isso, também será uma bandeira vermelha. Quando fingimos dramaticamente que estamos com sono, isso está longe de ser a aparência real de uma pessoa sonolenta.

Detecção de atividades específicas — Esse é um recurso mais avançado encontrado em alguns sistemas DMS. Ele detecta atividades, como beber, comer, enviar mensagens de texto enquanto dirige ou não usar cinto de segurança. Ao detectar essas atividades, o sistema pode alertar os motoristas e incentivar hábitos mais seguros ao volante.

Detecção de presença infantil — Ela é necessária para que os carros obtenham a classificação de segurança mais alta na Austrália e na Europa. Utiliza diversos sensores para detectar se uma criança foi deixada no veículo, alertando o motorista ou até mesmo as autoridades. Para testar alertas falsos, tente usar uma boneca ou um bicho de pelúcia. Sistemas avançados podem diferenciar entre uma pessoa que respira e um objeto inanimado.

Mais veículos aparecerão no mercado com tecnologia DMS e esperamos que o Brasil, rapidamente, siga os passos da Europa. Os sistemas podem aumentar significativamente a segurança e proporcionar uma experiência de condução mais personalizada. A ação dos legisladores será crucial para salvar vidas nas ruas e estradas brasileiras.

. Por: Paul Zubrinich, CMO da Optalert, uma meditech australiana criadora da escala de sono mais respeitada do mundo, usada pela União Europeia e pela Agência Espacial Americana (Nasa). A Optalert mede a sonolência em motoristas há mais de 15 anos e apoia ativamente as montadoras para melhorar seus sistemas de detecção de sonolência. As tecnologias são baseadas na blefarometria, um termo introduzido pelo fundador Dr. Murray Johns que define o estudo pioneiro de medição do movimento das pálpebras capturado através de um sensor ou câmera. Além do setor automotivo, a Optalert desenvolveu o primeiro método não invasivo para rastrear apneia obstrutiva do sono enquanto o sujeito do teste está acordado e está progredindo na triagem precoce de Alzheimer, Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.