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27/10/2023

Prêmio Mulheres do Agro 2023

Agricultura conservacionista e atuação social são destaques entre as vencedoras. Nomes foram divulgados no primeiro dia do 8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA).

A sexta edição do Prêmio Mulheres do Agro reconheceu, no dia 25 de outubro (quarta-feira), nove produtoras rurais por suas práticas ancoradas nos pilares ESG (ambiental, social e governança) e, pela primeira vez, contou com uma pesquisadora do setor entre as vencedoras na categoria “Ciência e Pesquisa”, lançada este ano. A premiação, idealizada pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), ocorreu durante o primeiro dia do 8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP).

Ao todo, foram reconhecidas três produtoras rurais em cada categoria (pequena, média e grande propriedade), e uma pesquisadora do setor, na categoria “Ciência e Pesquisa”, lançada este ano. A vencedora da categoria estreante em 2023 foi Patricia Monquero, engenheira agrônoma e primeira mulher (até o momento) a ocupar os cargos de vice e, por duas vezes, presidente da Sociedade Brasileira de Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD), entidade que tem como intuito fomentar a pesquisa, ensino e extensão dentro da área.

A agricultora Flávia Saldanha, à frente da Fazenda Califórnia, em Jacarezinho (PR), foi a vencedora na categoria Grande Propriedade este ano, graças a adoção de práticas conservacionistas do solo, a fim de atingir uma maior eficiência produtiva com a mitigação dos impactos ambientais e sociais decorrentes na produção de café e grãos. Dentre as atividades adotadas por ela na propriedade, os principais destaques se concentram na preservação dos ecossistemas, proteção da vida silvestre, uso racional das fontes de energia, dos recursos hídricos e manejo adequado para conservação do solo.

Desde que assumiu a propriedade em 2004, ela procurou implementar um sistema de produção sustentável de cafés especiais e grãos que, além da qualidade, trouxesse rentabilidade, visibilidade, valorização e reconhecimento no mercado. Esse esforço contínuo resultou em um aumento substancial da produção e na conquista de certificações prestigiadas, como a Rainforest, além de prêmios nacionais e internacionais em concursos de qualidade de café. Flavia também abre as portas da fazenda para visitas mensais de escolas do município, proporcionando palestras e atividades lúdicas sobre educação ambiental, que se tornaram parte integrante do currículo anual dos alunos e reforçam sua preocupação com a sociedade no entorno de seu município.

Já o primeiro lugar na categoria Média Propriedade, ficou com Ingrid Graziano, da Fazenda Grota, em Formosa (GO), destacada por também ter a sustentabilidade como norteador de suas práticas agrícolas. Ela é a responsável pelo processo de transição da produção de pecuária de corte, movendo-se de um sistema de cria, para uma abordagem centrada no melhoramento genético. Como gestora, implementou práticas de manejo agronômico e animal que buscam a máxima integração do ecossistema, construindo um sistema produtivo centrado na saúde do solo. A utilização de bioinsumos, culturas de cobertura e manejo holístico de pastagem fazem parte dessa abordagem, utilizando a pecuária como uma ferramenta para regenerar o ambiente e o solo.

Durante seus oito anos à frente da propriedade, Ingrid liderou reformas estruturais significativas, como a recuperação de pastagens e a construção de uma fábrica de ração, o que resultou na duplicação da capacidade de lotação da fazenda. Para ela, no entanto, a mudança mais significativa foi o investimento contínuo na capacitação e no envolvimento dos colaboradores, os quais agora desempenham papéis ativos e decisivos no cotidiano da propriedade. Além das fronteiras de sua porteira, a produtora ainda é uma mentora e apoiadora ativa da comunidade local. Presta assistência aos pequenos produtores regionais, oferecendo serviços valiosos, como o preparo de solo e a aplicação de fertilizantes, demonstrando sua preocupação e compromisso com o desenvolvimento sustentável da região.

O compromisso com uma cafeicultura conservativa foi um dos principais pontos que chamaram a atenção dos jurados, rendendo para Ana Paula Curiacos, da Fazenda Três Meninas, em Monte Carmelo (MG), o primeiro lugar na categoria Pequena Propriedade. Por lá, um dos principais destaques da gestão de Ana Paula, foi o estudo minucioso ao implantar técnicas que dão condições de regeneração e conservação do solo, prezando por um manejo de baixo impacto embasado na ciência para poupar recursos naturais.

Como proprietária e gestora da fazenda, ela se dedica à produção de café especial em uma área de 54 hectares onde implementa práticas de agricultura conservacionista, promovendo a manutenção de cobertura permanente no solo, favorecendo a nutrição do café e garantindo a disponibilidade de água, alem de fomentar a biodiversidade local. O manejo integrado do solo tem sido a chave para a produção de um café de qualidade, aliada aos altos níveis de produtividade. Antes da implementação dessas técnicas, a produção não ultrapassava 30 sacas por hectare; hoje, já alcança 54 sacas e uma redução de cerca de 47% nos custos com adubação.

Nos sete anos de existência da Fazenda Três Meninas, mais de 11 mil árvores foram plantadas, enriquecendo a presença de espécies nativas como jequitibá rosa, fedegoso, guapuruvu, cedrinho, ingá, crotalária, nabo-forrageiro e feijão guandu. Com o objetivo aumentar ainda mais a biodiversidade local, Ana Paula está realizando um estudo para adicionar abelhas nativas à cultura do café, a fim de polinizá-lo. A propriedade também mantém parcerias com institutos de pesquisas e centros acadêmicos para levantamentos de dados, realização de estudos técnicos e compartilhamento de experiências entre estudantes, pesquisadores e produtores.

O Nordeste em destaque — Desde a primeira edição, em 2018, mais de 1.100 mulheres já inscreveram suas histórias no Prêmio Mulheres do Agro, que, considerando as vencedoras desde ano, já reconheceu 54 produtoras rurais e uma pesquisadora, por seus projetos de pesquisa com impactos para o setor ou de grande alcance científico. Em 2023, a premiação completa seis anos e o número de inscrições registrou uma alta de 113% desde sua criação. O destaque fica por conta da região Nordeste, que alcançou um marco inédito com o aumento de 371% nas inscrições, em comparação a 2022, totalizando 33 mulheres inscritas somente este ano, de diferentes estados.

Para Isabela Fagundes, especialista de Comunicação Corporativa da Bayer no Brasil, o Prêmio Mulheres do Agro tem como missão dar o destaque merecido ao protagonismo das mulheres atuantes no agronegócio de todas as regiões do país, reconhecendo sua valiosa contribuição e incentivando o seu trabalho no campo — e, também fora dele (com a nova categoria sobre pesquisa). —Este ano tivemos uma proximidade grande com as produtoras rurais do Nordeste, pois, após avaliações internas, notamos que a premiação não chegava até elas, mesmo sendo uma região com forte protagonismo feminino no setor. Por este motivo, decidimos, então ir até lá, com diferentes ações, o que nos resultou essa alta participação delas este ano— conta.

Segundo Gisele Balbinot, diretora executiva da Abag o crescente número de mulheres se inscrevendo em cada edição do Prêmio Mulheres do Agro reflete a importância do trabalho das produtoras rurais para o fortalecimento e projeção do agronegócio brasileiro em escala global. —Elas desempenham um papel crucial em nosso setor e este reconhecimento é uma forma de homenagear cada mulher que trabalha no campo, na agroindústria, na pesquisa e nas universidades —finaliza.

As vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro 2023.: Grande propriedade: 1º lugar – Flavia Saldanha, Jacarezinho (PR) | 2º lugar – Maíra Coscrato, Guaíra (SP) | 3º lugar – Mariana Veloso, Carmo do Paranabaíba (MG).

Média propriedade: 1º lugar – Ingrid Graziano, Formosa (GO) | 2º lugar – Claudia Araújo, Caicó (RN) | 3º lugar – Cláudia Sulzbach, Maranhão (MA).

Pequena propriedade: 1º lugar – Ana Paula Curiacos, Monte Carmelo (MG) | 2º lugar – Rossana Aboud, Teresina (PI) | 3º lugar – Alessandra Barth, Ipiranga (PR).

As vencedoras da categoria Pequena Propriedade no Prêmio Mulheres do Agro 2023. Da esq. para dir.: Sergina Dantas (Sebrae-RN), Rossana Aboud (2º lugar), Ana Paula Curiacos (1º lugar), Alessandra Barth (3º lugar) e a mestre de cerimônias Pryscilla Paiva.

Prêmio Mulheres do Agro — O Prêmio Mulheres do Agro é uma iniciativa idealizada, em 2018, pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e pela Bayer, para valorizar a importância do trabalho realizado pelas produtoras rurais e pesquisadoras do setor, incentivando cada vez mais a gestão inovadora de mulheres no agronegócio, dentro e fora da porteira. O prêmio tem como tema os pilares ESG (ambiental, social e de governança) e reconhece empreendedoras rurais de pequenas, médias e grandes propriedades que seguem boas práticas agropecuárias e gestão sustentável como: uso racional de recursos naturais, aumento da eficiência da produção com gestão inovadora, projetos que permitam o desenvolvimento social da comunidade ou colaboradores da propriedade, bem-estar animal e valorização do capital humano. A mesma regra se aplica à categoria Ciência e Pesquisa, com a diferença de que serão valorizados projetos de impacto ou de grande alcance científico.

Bayer —A Bayer é uma empresa global com competências essenciais nas ciências da vida nos setores de agronegócios e saúde. Seus produtos e serviços são projetados para ajudar as pessoas e o planeta a prosperar, apoiando os esforços para superar os principais desafios apresentados por uma população global em crescimento e envelhecimento. A Bayer está comprometida em impulsionar o desenvolvimento sustentável e gerar um impacto positivo em seus negócios. Ao mesmo tempo, o Grupo pretende aumentar o seu poder de ganho e criar valor através da inovação e do crescimento. A marca Bayer representa confiança, confiabilidade e qualidade. O Brasil é a terceira maior operação da companhia no mundo.

Abag — A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) trabalha para o fortalecimento e o equilíbrio nas cadeias produtivas do agronegócio, com o objetivo de valorizar e disseminar o papel estratégico do setor para o desenvolvimento sustentável do Brasil e para a segurança alimentar e energética do planeta. Fundada em 1993, a entidade tem a certeza da vocação do Brasil para o agronegócio, por isso empenha seus esforços para contribuir para que o País alcance a liderança global na oferta de produtos agroindustriais, aliando preservação ambiental, desenvolvimento social, produtividade, rentabilidade e competitividade. A Abag conta atualmente com 80 associados.

As vencedoras da categoria ‘Pequena Propriedade no Prêmio Mulheres do Agro 2023’. Da eserda para a direita, Sergina Dantas (Sebrae-RN), Rossana Aboud (2º lugar), Ana Paula Curiacos (1º lugar), Alessandra Barth (3º lugar) e a mestre de cerimônias Pryscilla Paiva.