A Academia Transpetro recebeu, no dia 10 de outubro, um grupo de 27 alunos do último ano do curso de formação de oficiais de náutica e de oficiais de máquinas do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga) para treinamento no seu Simulador Marítimo e Hidroviário (SMH). O CIaga é a unidade da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) no Rio de Janeiro, que tem como missão formar, aperfeiçoar, readaptar e atualizar o pessoal da Marinha Mercante. Muitos de seus ex-alunos atualmente formam os quadros de oficiais embarcados nos navios da Transpetro, nas diversas fases da carreira.
Inaugurado em setembro de 2014, o SMH foi o primeiro no Brasil a receber a classificação classe A da certificadora norueguesa Det Norske Veritas (DNV-GL). O uso dos simuladores ajuda no desenvolvimento da frota que atua no país, com o aumento dos padrões de segurança e confiabilidade das operações e a aceleração da carreira dos marítimos.
Para esse treinamento, os alunos foram divididos em grupos para participar das simulações imersivas, nas quais os futuros profissionais mercantes foram submetidos a situações possíveis da rotina de trabalho nas embarcações. Cada simulação durou cerca de 50 minutos por grupo — foram três, compostos por oficiais de náutica e de máquinas atuando simultaneamente em seus postos. Os tripulantes executaram manobras na Baía de Guanabara e na Baía de Santos, sempre desafiados por uma situação de emergência diferente.
—Esse projeto proporciona aos alunos do Ciaga um contato com os profissionais da área e, com isso, trazemos eles um pouquinho mais para a realidade, para entender qual é a rotina de bordo, o que é o trabalho e também tirar dúvidas— explicou o comandante Gilberto Maciel, responsável pelo desenvolvimento e aplicação de treinamentos no Simulador Marítimo e Hidroviário da Academia Transpetro.
É possível modelar nos simuladores qualquer cenário desejado, customizando os cursos de acordo com os objetivos da atividade de treinamento, e utilizando a realidade virtual. O grande diferencial do SMH está na integração entre os simuladores de náutica e de máquina: a Academia Transpetro é a única no Brasil a oferecer essa tecnologia. Além disso, o SMH também pode ser utilizado para análises de engenharia, em função de sua precisão matemática.
Treinamento para alunos do Ciaga deverá ser ampliado em 2024 — Os alunos do Ciaga aproveitaram cada minuto de aprendizado. A turma que está se formando este ano ingressou na EFOMM em 2020. Esses alunos passaram por todos os momentos de restrições impostas pela pandemia da covid-19 em boa parte de sua formação, e não tiveram tantas oportunidades de fazer visitações a navios em virtude do cumprimento das medidas sanitárias, que só começaram a ser relaxadas em meados no ano passado.
—Foi a minha primeira vez botando a mão nos equipamentos, com oportunidade de executar manobras e vivenciando situações de crise bem reais. Teve essa equipe boa aqui no passadiço [referindo-se aos seus colegas de curso], mas essa experiência de ficar à deriva foi um pouco aterrorizante, porque tínhamos botado máquina para ficar dentro do canal e tudo parou— disse o aluno Arthur Figueiró, de 22 anos, que se forma no Ciaga em dezembro e tem embarque na praticagem da Transpetro já programada para fevereiro de 2024.
Até o fim de outubro, novas visitas para treinamento de alunos do terceiro ano do Ciaga estão previstas no calendário da Academia Transpetro. Serão realizadas mais quatro incursões do mesmo tipo, totalizando o treinamento de 50 alunos de náutica e 23 de máquinas que se formarão na escola este ano. Ao se depararem com situações de falha e emergência, os alunos são levados a desenvolver habilidades e competências necessárias à sua atuação a bordo — consciência situacional, senso de urgência, liderança e autoconfiança. Desta forma, tornam-se mais habilitados à tomada de decisão e à condução de atividades cada vez mais seguras.
—O fato de conseguirmos botar em prática toda a teoria que vemos em sala de aula foi muito interessante. Não temos essa chance no dia a dia. E aqui no simulador pudemos executar aquilo que aprendemos, e isso é muito importante para o nosso aprendizado— disse o aluno Rodrigo Alves, de 21 anos, que certamente dividirá toda essa experiência edificante com o pai, oficial de carreira da Transpetro, a maior subsidiária da Petrobras e a maior companhia de logística multimodal de petróleo e derivados da América Latina.
Na simulação da sala de máquinas, a instrutora Alessandra Leão, oficial superior de máquinas que tripulou navios da Transpetro por 17 anos, também passou seu conhecimento técnico para os alunos do Ciaga: —Sou instrutora há pouco mais de um ano, e é sempre satisfatório poder contribuir para o aperfeiçoamento de profissionais, ajudando a aumentar a segurança no mar, e para o aprendizado de estudantes—.
Milena Gomes, 25 anos, do terceiro ano do curso de oficiais de máquinas no Ciaga, também acha muito importante para o futuro da sua carreira ter esse tipo de contato com o simulador. —Lá na escola nós temos uma simulação muito diferente, na tela do computador. E aí só conseguimos olhar o sistema, não é imersivo como acontece aqui na Academia Transpetro.
Particularmente, tenho uma dificuldade de associação entre aquilo que vejo na tela do computador e como é no [mundo] real. Então, especialmente para mim, essa experiência foi muito válida, porque dá uma noção bem mais próxima de como seria no navio— disse a jovem, que é uma das oito alunas do curso de formação de oficiais, sendo cinco de náutica e três de máquinas.
Para 2024, a Academia Transpetro pretende voltar a abrir esse espaço de treinamento para o Ciaga ao longo do ano, proporcionando visitas múltiplas para cada aluno do terceiro ano dos cursos de náutica e de máquinas. A ação também ajuda a estreitar a relação da Academia Transpetro com o centro de formação de oficiais, que passa a ter um papel importante na contribuição à formação desses futuros profissionais. —Essa vinda deles faz parte do quadro semanal de trabalho desses alunos. Isso conta como aula, realmente, como hora de treinamento— explicou o comandante Maciel.