Primeiro navio polar construído no Brasil já gerou 600 empregos diretos e seis mil indiretos, e está sendo construído no Estaleiro Jurong Aracruz,, Espírito Santo com entrega prevista para 2025.
A Marinha do Brasil (MB) deu um importante passo na construção do Navio Polar (NPo) “Almirante Saldanha” ao realizar, no dia 17 de outubro (terça-feira), a cerimônia de Batimento de Quilha da embarcação, no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo. Na tradição naval, este evento é caracterizado pelo posicionamento de um dos blocos do navio, que faz parte da “espinha dorsal” dele, e pela colocação da moeda na estrutura que corresponde à quilha da embarcação. Simbolicamente, é uma forma de trazer sorte para a embarcação que está sendo construída.
O evento contou com a presença do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro; do comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen; do chefe do estado-maior Conjunto das Forças Armadas, almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire; e do diretor-presidente da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), vice-almirante (IM) Edesio Teixeira Lima Júnior. Também estiveram presentes o chefe de Missão e Encarregado de Negócios da Embaixada da República de Singapura, Desmond NG; o vice-presidente executivo da Seatrium para as Américas, Marlin Khiew; o CEO da Sociedade de Propósito Específico Polar 1, Thangavelu Guhan; o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço; e o prefeito de Aracruz, Luiz Carlos Coutinho.
O ministro da Defesa externou a satisfação de acompanhar uma importante etapa de mais um projeto conduzido pela Marinha do Brasil, com elevada capacidade gerencial e espírito empreendedor. —Hoje tenho o privilégio de comparecer a essa tradicional cerimônia de batimento de quilha do Navio Polar ‘Almirante Saldanha’, cuja construção é realizada com muito orgulho em solo brasileiro e também representa investimentos em nosso país. Este é o exemplo do Brasil que eu acredito e que dá certo—.
O diretor-geral do Material da Marinha, almirante de Esquadra Arthur Fernando Bettega Corrêa, falou sobre a expectativa em torno do navio. —Esperamos ver, em breve, operando nas águas da região Antártica e no País como um todo. A Marinha e a Emgepron trabalham juntas na fiscalização e governança do projeto, que segue as boas práticas de gerenciamento de programas e prevê a realização de estudos e planejamentos necessários ao gerenciamento do ciclo de vida do navio e ao apoio logístico integrado—.
Para o diretor-presidente da Emgepron, Almirante Edesio, o fomento à indústria naval colabora com o desenvolvimento do País.—Com a construção das Fragatas Classe Tamandaré em Itajaí e do Navio Polar ‘Almirante Saldanha’ aqui no Estaleiro Jurong Aracruz, passamos a ser conduzidos por uma terceira onda de expectativas e oportunidades de alavancagens operativas, tecnológicas, logísticas e industrial com repercussão direta sobre a matriz econômica brasileira, que resultará em considerável efeito multiplicador sobre a economia—.
O CEO da Seatrium reforçou que este é um novo capítulo na história da empresa, que reforça o compromisso com a investigação científica, a sustentabilidade e a responsabilidade partilhada de proteger e preservar o meio ambiente. —Em parceria com a Marinha do Brasil, temos orgulho de estar à frente desse empreendimento. O navio polar, que estamos construindo, será um farol de progresso científico e de colaboração internacional. Este projeto não consiste apenas na construção de um navio, trata-se de construir pontes entre nações, entre áreas de conhecimento e entre o presente e o futuro— destacou.
NAvio Polar —Conduzido pela MB desde 2019, executado pela Polar 1 e gerenciado pela Emgepron, o projeto culminará com a construção, pela primeira vez no Brasil, de um navio com capacidade de operar nas águas geladas da região Antártica. A entrega do NPo “Almirante Saldanha” está prevista para 2025.
O navio terá cerca de 103 metros de comprimento, hangar para 2 aeronaves de porte médio, autonomia de 70 dias e tripulação de 95 pessoas, incluindo 26 pesquisadores. Na fase de construção, já foram gerados 600 empregos diretos e 6 mil indiretos, além do fomento à indústria naval brasileira e à base tecnológica nacional.
O modelo do NPo “Almirante Saldanha” reúne o que há de mais avançado em tecnologia naval, prevendo a construção por meio de blocos, confeccionados separadamente e, posteriormente, unidos, dando forma ao navio. Assim, é possível instalar acessórios e fundações de forma antecipada; facilitar a colocação de equipamentos a bordo; e permitir trabalhos em diversos estágios de maneira segregada.
O NPo “Almirante Saldanha” irá substituir o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”. Ele terá capacidades aperfeiçoadas, possibilitando: a redução do tempo necessário para o reabastecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), com a inclusão de guindastes modernos e de maior capacidade de carga e manobra ao novo navio; maior segurança na aproximação do navio com a praia, para desembarque de material e de pessoal, em função dos sofisticados sistemas de navegação e de controles; e a ampliação da área passível de ser visitada pelos pesquisadores, incluindo as regiões oceânicas e terrestres.
Prohidro — A construção do Navio Polar faz parte do Programa de Obtenção de Meios Hidroceanográficos e de Apoio Antártico (Prohidro), que prevê a obtenção de navios hidroceanográficos a serem empregados na Amazônia Azul e em águas polares para que a MB possa cumprir as suas atribuições referentes às atividades hidrográficas, oceanográficas, meteorológicas, cartográficas e de sinalização náutica, garantindo o suporte à aplicação do Poder Naval, além da prestação de apoio de transporte e logística da EACF. Entre os ganhos esperados com a iniciativa estão o aprimoramento na coleta de dados geoespaciais marinhos nas águas jurisdicionais brasileiras e nas águas internacionais de interesse do País, a melhoria na eficácia dos auxílios à navegação e o apoio à pesquisa nacional no ambiente marinho. | Agª MB