Espaço iniciou a operação assistida no dia 11 de outubro (quarta-feira). Projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI Brasil) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás).
Maior produtor de suínos do País, o município de Toledo, no Oeste do Paraná, passou a contar, a partir do dia 11 de outubro (quarta-feira), com uma Central de Bioenergia para tratamento de dejetos de 41 mil animais, criados por 15 produtores da região. Na central, esse material se transformará em biogás para geração de energia elétrica suficiente para abastecer 1,5 mil residências de médio porte. Também serão produzidos no local 330 metros cúbicos de digestato (biofertilizante), que serão distribuídos para os próprios suinocultores e a comunidade em geral.
O projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, que investiu R$ 19 milhões na iniciativa, com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-Brasil) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), responsável pela implantação e operação da planta. Também apoiam a iniciativa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a Associação Regional de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste) e a Prefeitura de Toledo.
Nesta fase, de operação assistida, todos os equipamentos são monitorados em um ambiente controlado até a execução da operação continuada, que irá acontecer após a inauguração do projeto, em 2024.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, observou que o Oeste do Paraná tem na agropecuária uma das suas principais atividades econômicas e a produção de biogás, a partir do tratamento dos dejetos, torna-se uma solução viável do ponto de vista social, econômico e ambiental. —A poluição que poderia contaminar o solo, os rios e – por consequência – o reservatório da usina de Itaipu é transformada em energia e renda— disse.
Verri acrescentou que pretende apresentar a experiência da Central de Bioenergia de Toledo, no tratamento dos dejetos da suinocultura, na Conferência do Clima, da Organização das Nações Unidas (ONU), que neste ano acontece de 30 de novembro a 13 de dezembro em Dubai.
O prefeito de Toledo, Beto Lunitti, agradeceu o apoio de Itaipu e lembrou que o município foi um dos que apoiaram a criação do CIBiogás, há dez anos. —Hoje, essa Central de Bioenergia é a realidade daquilo que foi discutido lá atrás. Porque Itaipu teve essa visão de futuro, que se intensificou na atual gestão, para que a gente possa potencializar a vocação que temos na produção de proteína animal—.
Durante a cerimônia, o diretor- presidente do CIBiogás, Rafael González, deu detalhes sobre o processo de biodigestão na Central de Bioenergia e destacou que a planta está preparada para receber mais um gerador e dobrar a capacidade de produção. “Temos o pré-sal no litoral brasileiro, mas aqui no Paraná temos também o pré-sal caipira, transformando a nossa proteína animal em energia”, comparou.
De acordo com González, o projeto é tecnologicamente inovador e tem potencial para ser replicado em outras propriedades, transformando-se em solução para diversas demandas dos produtores e da agroindústria da região. O diretor -presidente também destaca que a operação assistida é uma fase crucial para a análise de performance e desempenho do projeto. —Além de testar os equipamentos de forma isolada, agora entramos nesse processo de operação assistida para que tudo possa correr bem nos próximos anos—.
Um dos criadores de suínos da região beneficiados pelo projeto, Juraci Bugs ficou emocionado ao falar da dificuldade do setor em dar uma destinação correta aos dejetos da pecuária. —Para nós, [a criação da Central de Bioenergia] é uma satisfação muito grande, um grande alívio para os produtores—.
A cerimônia também teve a participação do diretor-superintendente do PTI, Irineu Colombo; do diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni; do deputado federal Elton Welter; do deputado estadual Professor Lemos — entre outras autoridades e técnicos das instituições envolvidas.
Biodigestores —A Central de Bioenergia de Toledo (CBT) foi construída em um terreno de 55,3 mil metros quadrados, doados pela Prefeitura, e conta com três biodigestores com capacidade para processar 9,5 mil metros cúbicos de dejetos. Esse volume é suficiente para produzir, na fase inicial, 5 mil metros cúbicos de biogás, que irão movimentar dois geradores, cada um com potência instalada de 335 kW.
A central está ainda estruturada para receber, diariamente, até seis tonelada de carcaças de suínos mortos, que não foram abatidos e são impróprios para o consumo, além de outros tipos de materiais apreendidos por órgãos como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Também está prevista no local a produção de energia solar por meio de painéis fotovoltaicos, tornando a unidade uma usina híbrida.
O modelo de negócio desenhado pelo PTI prevê duas fontes de renda para a central: a negociação de créditos de energia elétrica para uma comercializadora do setor, na modalidade de compensação de energia para minigeração distribuída, e venda dos créditos de carbono.
Antes da cerimônia desta quarta-feira, o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, e o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do CIBIogás, Felipe Marques, atenderam a imprensa e conduziram uma visita guiada à central.
CIBiogás —O CIBiogás é uma instituição de Ciência e Tecnologia com Inovação, dedicada ao desenvolvimento do biogás como recurso energético limpo e competitivo, com o objetivo de promover o mercado de energias renováveis. Iniciado há mais de 10 anos com a intenção de solucionar as questões ambientais envoltas na região Oeste do Paraná, o CIBiogás surgiu de iniciativa da Itaipu Binacional e do Parque Tecnológico de Itaipu. Até hoje, as instituições são parceiras em diversos projetos relacionados ao biogás e biometano em todo o Brasil e de outros combustíveis avançados, como o hidrogênio a partir de biogás.
A Itaipu —Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, 2,9 bilhões de MWh. Em 2022, foi responsável por 8,6% do suprimento de eletricidade do Brasil e 86,3% do Paraguai. A empresa tem como missão —Gerar energia elétrica de qualidade com responsabilidade social e ambiental, contribuindo com o desenvolvimento sustentável no Brasil e no Paraguai—.