Conferência do Congresso Aço Brasil 2023 propõe debate sobre a inserção do Brasil no mercado mundial do aço
Painel foi moderado por Sergio Leite de Andrade, Conselheiro do Instituto Aço Brasil, e contou com a presença dos especialistas Ricardo Amorim e Armando Monteiro, além do deputado federal Arnaldo Jardim.
A primeira conferência do Congresso Aço Brasil 2023 teve como tema “Nova Ordem Econômica Mundial – Inserção do Brasil”, com moderação de Sergio Leite de Andrade, vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e Conselheiro de Administração e vice-presidente de Assuntos Estratégicos da Usiminas; palestra do economista Ricardo Amorim; colaboração do Conselheiro Emérito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro; e participação do deputado federal e presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, Arnaldo Jardim.
Para dar início ao painel, Sergio Leite de Andrade trouxe para o debate a importância do Brasil avançar em sua posição atual no mercado mundial do aço: —O nosso país é uma das principais economias do mundo, com um potencial extremamente importante, mas que ainda não consegue tornar realidade toda sua plenitude. Contudo, é importante destacar que todo o setor do aço trabalha cotidianamente no sentido de tornar o país um grande protagonista nos próximos anos—.
Diante desse cenário, Ricardo Amorim abordou a mudança do centro de gravidade da economia mundial, que antes estava focada na Europa e nos Estados Unidos, mas hoje pode ser percebida na Ásia, majoritariamente na China. Na visão do economista, a América Latina — com destaque para o Brasil — precisa considerar dois caminhos: avançar na fronteira da inovação e copiar o que já deu certo nas grandes potências: —Estímulo, inovação e legislação são fundamentais, mas a origem do avanço começa com mão de obra qualificada. Passamos grande parte do tempo pedindo investimento em infraestrutura, mas precisamos também lembrar da educação básica e de qualidade. Nós vemos isso em todos os casos asiáticos de sucesso da última década. Foi assim que o Japão, a China e a Coreia do Sul saíram do lugar de produtores de baixa qualidade para fornecedores de alto nível—.
Ainda segundo o economista, é necessário que haja uma mudança de mentalidade, na mesma medida em que a indústria acompanhe de perto as questões que envolvem a reforma tributária: —O grande mérito da reforma é criar a condição para que a indústria se desenvolva. Se não resolvermos os dois principais pontos, sendo eles infraestrutura e a qualificação de mão de obra, vamos ter mais uma vez um bilhete premiado perdido—.
Capacidade de negociação —Para Armando Monteiro, o Brasil tem uma condição singular em relação às tensões geopolíticas citadas por Amorim, tendo relação diplomática e capacidade de se relacionar com 197 países, contudo, reconhece o Brasil como um país que só tem acordos internacionais com nações que representam um pouco mais de 8% do consumo e da importação de bens em todo o mundo: —Um levantamento recente da CNI mostra que nós temos uma alíquota média de 5,5% em bens industriais, sendo que países concorrentes tem uma alíquota em torno de 3%. Se considerarmos os problemas ainda existentes pelo sistema tributário atual, a cumulatividade residual de antiga taxa tributária e as tarifas de importação para acessar os principais mercados, nós encontramos uma desvantagem extraordinária. Portanto, não nos acomodemos, temos muito o que fazer e com urgência— diz.
Política e reformas —Ao final da conferência, Arnaldo Jardim garantiu que o papel do Congresso Nacional será de negociar e barrar qualquer projeto que prejudique o avanço da indústria brasileira no mercado mundial: —O Congresso tem um perfil de centro e de visão liberal de mercado e estamos conseguindo um processo de negociação, com amplo diálogo das questões que beneficiam o avanço da indústria. Subsídio e incentivo não são palavrões para mim, se você souber como determiná-los e condicioná-los a um processo de aprendizado e proteção. Com as negociações que estamos alcançando, eu fico esperançoso de que o Brasil será o país destinatário dos investimentos internacionais—diz.