Ramboll desenvolveu uma nova metodologia que leva em conta o impacto dos fatores de risco climático nos diversos corredores logísticos brasileiros, além de analisar questões estruturais como o aumento da demanda e a capacidade da infraestrutura existente.
O impacto dos riscos climáticos nos diversos corredores logísticos brasileiros são o foco da nova metodologia da Ramboll, consultoria multinacional especializada em engenharia e projetos multidisciplinares, que também leva em conta questões estruturais como o aumento da demanda, a capacidade e a utilização da infraestrutura dos portos.
Em parceria com especialistas em gestão portuária nacionais e internacionais, a Ramboll elaborou essa nova metodologia para a Logística Portuária que leva em conta o cenário brasileiro em função da capacidade de cada região portuária e as ações necessárias em termos de adaptação em decorrência do impacto das mudanças climáticas. A metodologia também se aplica ao segmento de rodovias.
—A estrutura de transportes brasileira, em particular a portuária e rodoviária, tem como desafios atender o aumento no volume de movimentações previsto por setores como o agronegócio e a geração de energia eólica offshore e, ao mesmo tempo, lidar com os riscos climáticos —destaca Alejandra Devecchi, gerente de Planejamento Urbano da Ramboll no Brasil.
Ela observa, por exemplo, que nos sete primeiros meses deste ano, só o Porto de Santos escoou 96,279 milhões de toneladas de cargas e, deste volume, 52,8 milhões de toneladas foram de sólidos a granel (o que inclui produtos agrícolas como açúcar, farelo e grãos de soja, milho e trigo), com um crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2022. E a previsão é a de que essa movimentação cresça ainda mais. Dados do 12º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados no início de setembro, apontam que a safra brasileira de grãos alcançou novo recorde, com 322,8 milhões de toneladas, um crescimento de 18,4% em relação ao ano passado.
Paralelamente ao aumento da movimentação portuária, cresce o risco climático. Segundo um estudo realizado pela Antaq, o Porto de Santos é um dos três do País que têm risco elevado de paralisação por conta de ameaças causadas por chuvas fortes, inundações e outras intempéries climáticas.
Os alertas da Ramboll sobre o impacto do clima nos portos no País se iniciaram já em 2016. Naquele ano, a consultoria reuniu, em parceria com a CPEA e a Acciona, um grupo de especialistas internacionais da Ramboll para apresentar e discutir os principais impactos das mudanças climáticas sobre as operações dos portos brasileiros nas próximas décadas, bem como as suas consequências para os negócios e a sociedade. —As mudanças climáticas já afetam o cotidiano dos portos no Brasil e no mundo, e exigirão ações de adaptação e remediação para garantir uma atuação eficiente, produtiva e segura para as empresas e para toda a comunidade do seu entorno— destaca Eugenio Singer, Country Market Director da Ramboll no Brasil.
Eugenio Singer: As mudanças climáticas já afetam o cotidiano dos portos e exigirão ações de adaptação e remediação para garantir uma atuação eficiente, produtiva e segura.
Para a gerente de Planejamento Urbano da Ramboll no Brasil, “isso demonstra que a análise dos investimentos é ainda mais complexa considerando que a simples previsão de demanda futura se tornou insuficiente”.
A visão integrada da Ramboll, que combina impacto das mudanças climáticas com a capacidade de movimentação e expansão de cada região portuária, procura responder a questões que preocupam os operadores portuários, desde a existência de cargas que ainda não foram capturadas —o que representa uma receita não realizada —até, e principalmente, como eles devem elaborar seus planos mestres de expansão, de modo a prever e minimizar os impactos climáticos.
—A nova metodologia reavalia essas análises, com um olhar mais estratégico do ponto de vista ambiental, de capacidade, de demanda e gargalos, e traz uma forma de análise de priorização de investimentos totalmente alinhada às melhores práticas internacionais— explica José Di Bella, especialista em gestão portuária e ex gestor do Porto de Santos.
Di Bella conta que, no lugar de uma análise SWOT (análise de fortalezas, fraquezas, oportunidades e ameaças), a Ramboll traz uma análise de risco na qual oportunidades e riscos são tratados dentro da mesma matriz e, por meio de uma ponderação, é possível extrair uma classificação de empreendimentos que são mais adequados ou prioritários. Trata-se de uma análise, explica, que foge do comum ao mostrar o que está na área de influência dos terminais e que pode ser considerado e aproveitado.
Como consultoria com grande expertise global em infraestrutura urbana e logística, a Ramboll desenvolveu uma metodologia que aprimora a forma de realizar a análise de risco, já implementada em várias capitais do mundo, incluindo o Rio de Janeiro, onde foi adaptada ao entorno portuário.
—A nova metodologia possui um arcabouço de instrumentos de análise muito mais abrangente para um planejamento e uma análise de oportunidades com maior sensibilidade. O objetivo é ajudar as empresas a identificarem oportunidades de captação de cargas inexploradas, por exemplo, a fim de melhorar a utilização dos terminais, reduzindo a sua ociosidade e aumentando a geração de receita, ou ainda aqueles terminais que precisam de intervenções mais imediatas— explica Di Bella.
Além do escoamento da safra, outro desafio apontado pela análise da Ramboll, destacadamente nos portos da região Norte e Nordeste, é a internalização das pás dos aerogeradores para produção de energia elétrica. Como as pás nos novos turbogeradores offshore têm 115 metros de comprimento, essas cargas exigem terminais adaptados e também uma malha viária que possibilite a movimentação delas por via terrestre.
—As ferramentas utilizadas pela consultoria permitem identificar as vulnerabilidades de cada porto, quais são seus acessos e como eles respondem sob a perspectiva do risco climático, e quais são as alternativas para exportação —acrescenta Alejandra Devecchi.
Entre os projetos na área portuária realizados pela Ramboll ou nos quais a consultoria está atuando, incluem-se o desenvolvimento de um novo porto na região Norte do Pais no Amapá, além da adaptação de um terminal portuário em Santana, também no Amapá;, a realização de estudos para uma grande operadora logística, projeto de identificação de site para a construção de um novo terminal portuário para celulose, além do trabalho de consultoria para a ONU e Agência Infra, do Ministério da Infraestrutura, visando a proposição da metodologia para portos e rodovias considerando os impactos climáticos.
Perfil — A Ramboll é uma empresa global de arquitetura, engenharia e consultoria, presente em 33 países e que oferece expertise e soluções sustentáveis para governos, empresas e parceiros em todo o mundo.. Conta com mais de 17.500 especialistas, incluindo engenheiros, projetistas e consultores que fornecem soluções sustentáveis, multidisciplinares e de longo prazo em Transportes, Energia, Meio Ambiente, Saúde, Água, Edifícios, Consultoria de Gestão e Arquitetura e Urbanismo. A Ramboll é membro do Pacto Global da ONU e seu negócio contribui significativamente para o progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Suas metas climáticas são aprovadas pela iniciativa Science Based Targets, alinhadas com o Acordo de Paris.
No Brasil possui escritórios no Rio de Janeiro, em São Paulo, Valinhos e Belo Horizonte. Com mais de 100 especialistas dedicados aos diversos segmentos de atuação da empresa, a Ramboll atua nos mercados de Meio Ambiente, Saúde e Segurança, Água, Energia e Planejamento Urbano.