Duas importantes tendências ocorrem ao mesmo tempo no universo dos investimentos em data centers na América Latina e no Brasil: a expansão do mercado de colocation e a instauração da construção de novos data centers. Essas tendências são impulsionadas pelo aumento da digitalização das economias da região e a crescente necessidade por serviços de nuvem para reforçar o processo da transformação digital.
Esse desdobramento está totalmente alinhado com um padrão no mundo todo. Em 2020, a largura de banda da Internet global aumentou em 34%, enquanto em 2021 o número foi de 29%, de acordo com um relatório da Telegeography. A América Latina foi a região com o menor crescimento de largura de banda entre 2017 e 2021, com um crescimento anual composto de 35%.
À medida que a digitalização aumenta, a demanda por capacidade de processamento de dados também aumentará. Nesse cenário, o que é mais viável para as empresas: construir novos data centers ou alugar espaços? A resposta para essa pergunta depende do tipo de empresa, seu negócio principal, seu tamanho e seu papel na transformação digital da região.
A visão dupla dos hyperscales —Os achados de um estudo da Report Linker ressalta o papel influenciador das gigantes dos serviços de nuvem, como a Microsoft, Google, Amazon Web Services (AWS), Oracle, IBM e Tencent, na propulsão da demanda por serviços de colocation na região. O estudo também destaca que o aumento na largura de banda para dados e a crescente necessidade de computação de alta performance estão forçando os operadores de data centers a investir em infraestrutura eficiente para lidar de forma eficaz com possíveis paradas.
A contribuição desses provedores de serviços de nuvem hyperscales é um dos fatores para a taxa de crescimento anual composto (CAGR) do mercado de colocation na América Latina ser estimada em 6,15% entre 2022 e 2027. Os outros gatilhos são a crescente digitalização na maioria dos países e o crescimento da conectividade, de acordo com a Report Linker.
Esses grandes players anunciaram ao longo de 2021 e 2022 o desenvolvimento de ambiciosos projetos de construção de data centers na região, como o Data Center Regional da Microsoft em Querétaro, México; novas zonas de infraestrutura de nuvem da AWS na Argentina, Chile e Colômbia; os investimentos da Google em cabos submarinos, novas regiões para a Google Cloud e a expansão de seu data center no Chile e a instalação da Região Multizona de Nuvem (Cloud Multizone Region – MZR) da IBM no Brasil.
A Escolha do Setor Enterprise —Como dito acima, a resposta para a questão sobre construir novos data centers ou alugá-los é bastante relacionada com o tipo de empresa, seu negócio principal e seu papel na transformação digital.
Quando o principal negócio da empresa não é oferecer serviços de armazenamento e processamento de dados, ou soluções de cloud computing, a opção por alugar um espaço em uma instalação de colocation pode ser mais viável financeiramente. Isso porque as colos oferecem um design de infraestrutura padronizado, topologias claras, implementações mais rápidas, gestão de fornecedores e padrões de alta segurança, dando as empresas uma maior viabilidade de custos.
Uma pesquisa sobre o uso de Data Centers de Colocation realizada com 226 gestores de data centers do tipo enterprise em setores como serviços financeiros, educação, manufatura, saúde, governo e telecomunicações, nos Estados Unidos, mostrou que 57% dos consultados planejavam aumentar o uso de colocation nos 24 meses seguintes. As razões que motivaram suas decisões foram as colos proporcionarem a flexibilidade para agir rapidamente com um custo menor, a possibilidade de aproveitar as constantes melhorias na indústria e a centralização do acesso às redes na nuvem.
Essas colos têm um papel no ecossistema tecnológico da América Latina, proporcionando uma solução de infraestrutura flexível e escalável para empresas de diferentes tamanhos e diferentes setores. A pesquisa revelou que mesmo os construtores de grandes data centers na América Latina e no Brasil também estão alugando espaços em data centers de colo enquanto trabalham em seus próprios projetos de construção. Isso possibilitou às colos aproveitar a oportunidade para fornecer um serviço adicional a esses grandes construtores de data centers, demonstrando a flexibilidade e a escalabilidade que as colos oferecem aos seus clientes.
. Por: Alex Sasaki, Diretor de Aplicações de Tecnologia e Gestão de Vendas da Vertiv América Latina.