A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas/TO) vai promover no dia 15 de setembro (sexta-feira), uma cerimônia de inauguração da primeira parte do Sistema de Produção Integrada de Alimentos na reserva indígena Xerente localizada na Aldeia Cachoeirinha, em Tocantínia (TO). Inicialmente, começará a funcionar a piscicultura e, em novembro, haverá o plantio de banana e açaí para comercialização e outras culturas para subsistência daquela comunidade. Orçado em 500 mil reais, o trabalho foi financiado por meio de emenda parlamentar do senador Eduardo Gomes (PL), que estará presente no evento.
— Essa demanda chegou para a gente em 2020 quando, por meio do Ibama, indígenas que trabalham como brigadistas nos procuraram para implantar uma piscicultura no local— relata a zootecnista Marcela Mataveli, da Embrapa Pesca e Aquicultura, responsável pelo projeto.
Ela conta que, nos últimos anos, houve a redução da disponibilidade de carne de caça e o nível dos rios diminuiu, prejudicando a pesca. —Eles precisavam ter uma fonte de renda e de alimentação. Foi quando pensamos em implantar uma adaptação do Sisteminha da Embrapa e montar um modelo integrado de produção de alimentos mais robusto, o qual apelidamos de Sistemão —recorda Marcela.
Tanques produzirão 1.200 quilos de peixe — Assim, foram escavados dois tanques de 150 metros cúbicos, onde será produzido inicialmente tambaqui e, posteriormente, caranha. A água dos tanques, contendo os resíduos dos peixes e altamente fertilizada, será utilizada para a irrigação do plantio de banana, açaí e outras culturas para a alimentação dos indígenas. Os tanques têm capacidade de produção de 1.200 quilos de peixe a cada seis meses. Com esse modelo integrado, será possível gerar renda e alimento para a comunidade local.
—Nós temos uma brigada federal brigadista e uma associação dos brigadistas. A gente tem o sonho de tornar a nossa base operacional, onde ficam os brigadistas, numa base autossustentável, com energia solar e produção de alimentos. Queremos comprar o mínimo da cidade e tirar o máximo da nossa terra— explica o indígena Pedro Paulo Xerente, presidente da associação dos brigadistas de combate a incêndios.
Xerente conta que, nos últimos anos, os indígenas deixaram de comprar praticamente tudo na cidade e passaram a cultivar no local culturas como mandioca, feijão, banana, entre outras. A partir de novembro, novos plantios serão realizados e irrigados com a água da piscicultura. —É um sonho que está se tornando realidade, de termos uma base brigadista totalmente autossustentável, onde poderemos consumir e comercializar o excedente de alimentos —conclui.