O sonho de todo empreendedor é ter uma receita recorrente garantida. Começar do zero a busca pelo faturamento, mês a mês, é algo desafiador. Os custos fixos sempre estarão presentes, independente do sucesso ou fracasso das vendas. Antes, a tal “receita recorrente” era quase que exclusiva de empresas de serviços: escolas, academia, softwares, entre outros. No varejo, esse luxo era um sonho distante, mas o jogo está virando.
Nos últimos anos ocorreram movimentações no mercado que provocaram e permitiram o surgimento de clubes de assinatura. Assim, o consumidor com melhor poder aquisitivo e menos tempo livre ficou com a mente aberta para consumir em um formato onde um terceiro faz a curadoria de produtos que ele irá gostar, entre os inúmeros disponíveis no mercado. O que também facilitou esse processo foi o avanço da tecnologia, que permite a gestão de pagamentos e todo o controle necessário para viabilizar esse tipo de operação.
Diante deste cenário, surgiram inúmeras empresas online com este modelo de negócio, como é o caso da hoje gigante Wine – assinatura de vinhos, e outros cases variados em segmentos como cosméticos, roupas e até produtos para pets. Além da receita recorrente, estas empresas conseguiram algo ainda mais complexo: a fidelidade de seus clientes. Como elas chegam antes no “bolso” do consumidor, quem é assinante deixa de comprar no varejo tradicional, preferindo aguardar os produtos que receberá pelo clube.
Agora o varejo físico vai demonstrando que acordou para esse novo modelo de consumo e entrou no jogo. Um exemplo positivo é o projeto piloto (realizado para teste apenas em uma loja) da Kopenhagen de assinatura de café na loja, onde o cliente paga R$60 para poder tomar um café por dia durante todo o mês. O resultado financeiro na ponta do lápis ainda é uma incógnita, mas já gerou repercussão nas redes sociais, fidelidade dos clientes e vendas extras.
O campo de jogo no varejo é diferente, mas com criatividade e ousadia é possível fazer excelentes ações de assinatura com a vantagem de que, além dos benefícios iguais aos dos negócios online, pode gerar fluxo para o estabelecimento e aumentar ainda mais as vendas. As relações mudam, e com ela novas estratégias surgem, mas o varejo que se adapta continua forte.
. Por: Erlon Labatut, consultor de franquias credenciado pelo SEBRAE e associado a ABF, administrador pela UFPR, e mestre em Engenharia Industrial pela UTFPR. É sócio fundador da ‘Franqueador.com’.