E em tempo real. A fundação canadense Energi Simulation investirá cerca de R$ 2 milhões em projeto que está sendo executado pelo grupo de pesquisa Unisim, especializado em simulação e gerenciamento de reservatórios.
O Grupo de Pesquisa em Simulação e Gerenciamento de Reservatórios (Unisim) do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Unicamp acaba de renovar seu convênio com a Energi Simulation. Trata-se de uma fundação canadense que apoia a formação de pesquisadores, com foco em pesquisas e inovações de ponta em modelagem de recursos energéticos. Com o acordo, o Unisim receberá um aporte de aproximadamente R$ 2 milhões (540 mil dólares canadenses) para um projeto que visa o desenvolvimento de modelos para o gerenciamento integrado e automatizado entre sistemas de produção (plataformas, poços e refinarias) e reservatórios.
—Essa é uma demanda do setor, pois os modelos utilizados atualmente são bons para decisões de longo prazo, mas não focam no que está acontecendo em tempo real nos reservatórios —afirma Denis José Schiozer, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e coordenador do projeto.
Segundo ele, essa etapa do projeto será fundamental para que seja possível atingir o objetivo final da pesquisa: um sistema digital de gerenciamento dos reservatórios. —A ideia é ter um software automatizado que possa auxiliar os técnicos nas decisões ligadas ao gerenciamento de campos de petróleo olhando o curto prazo, mas com base no conhecimento dos impactos a longo prazo das decisões. Para isso, estamos integrando modelos, dados e inteligência artificial—detalha Schiozer.
O sistema irá potencializar os ganhos das empresas de acordo com os seus objetivos. —Nossas metodologias permitem isso; criamos modelos matemáticos que auxiliam na tomada da decisão frente aos diversos objetivos da empresa, sejam eles econômicos, produtivos ou ambientais, como um melhor aproveitamento da água [aumentando a taxa de reutilização da água na produção] ou um melhor aproveitamento de CO2 [diminuindo os gastos com energia e elevando as taxas de reinjeção do gás nos reservatórios]— por exemplo.
O Unisim mantém convênio com a Energi Simulation desde 2015 com esse propósito. Nos primeiros cinco anos do convênio, o grupo recebeu recursos para elaborar as metodologias de integração de reservatórios com sistemas de produção. Na segunda fase, feita nos últimos três anos, foram feitas melhorias dos modelos numéricos para respostas de curto prazo. A atual fase do projeto, formalizada no último dia 25 de agosto, é focada no desenvolvimento de um sistema de decisão em estágios que considerem impactos de longo prazo, mas rápido para decisões em tempo real.
A pesquisa é também financiada por empresas de petróleo que vem dando apoio a iniciativas do Unisim na área de gerenciamento de campos desde quando o grupo foi criado, em 1996.
A Energi Simulation estabelece parcerias com universidades, governos e indústria para dar apoio à formação de estudantes e pesquisadores líderes mundiais em universidades da Europa, América do Norte, América do Sul e região Ásia-Pacífico. No Brasil, há somente dois convênios em vigência: com o Unicamp (parceria entre Cepetro e Faculdade de Engenharia Mecânica) e com a Universidade Federal do Pernambuco (UFPE).
O Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) é um centro de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com mais de 35 anos de história, focado em petróleo, gás, energias renováveis e transição energética. Instalado, atualmente, em cinco prédios com mais de cinco mil metros quadrados de área, possui dez laboratórios próprios e conta com mais de 350 pesquisadores. Além de executar projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o Cepetro presta serviços técnicos e de consultoria, forma recursos humanos altamente qualificados e promove a disseminação do conhecimento. Seus projetos de P&D são financiados por empresas, fundações e agências governamentais de fomento à pesquisa. O Cepetro é um dos maiores captadores de recursos via cláusula de PD&I da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).