Lucas Porto tem conciliado os treinos no tatame com os estudos na Fisioterapia; atleta quer se dedicar a fisioterapia esportiva para atender lutadores no futuro.
Uma universidade que recebe conceito máximo no Ministério da Educação (MEC), como é o caso da Unoeste que obteve recentemente nota cinco na avaliação de recredenciamento institucional, também é composta de campeões em sua comunidade acadêmica. A exemplo de alunos que conciliam os estudos com o esporte. Recentemente, a história da paratleta prudentina de natação e aluna do curso de Educação Física da Unoeste, Dayara Cardoso Vitor de Sousa, emocionou e ganhou projeção na imprensa pelo fato de que aos 21 anos já ocupar o quarto lugar no Ranking Brasileiro de Natação Paralímpica na categoria S6. Agora, a universidade evidencia um jovem que tem sido destaque nas artes marciais. Trata-se do atleta Lucas Porto Rodrigues, de 19 anos, e aluno do 2º termo do curso de Fisioterapia. Morador de Álvares Machado, ele é faixa marrom no caratê, roxa no jiu-jitsu e faixa preta de judô.
O contato de Lucas Porto com as artes marciais teve início por incentivo das conquistas de seu pai Ailton Rodrigues, o Ailton Bitú, que também era atleta de artes marciais e morreu em outubro do ano passado após ser internado por conta de uma síndrome linfática renal, e ter tido complicações em razão de uma embolia pulmonar. —Eu sempre via as medalhas e troféus dele na casa da minha avó e sempre quis participar. Foi aí que eu iniciei no caratê com quatro anos de idade. Depois, com oito anos, fui num campeonato de jiu-jitsu em Presidente Prudente e ajudei minha madrinha, que também lutava, a aquecer. Gostei da coisa e até hoje estou na luta. O judô veio logo em seguida como complemento do jiu-jitsu para aprender a derrubar e ir bem nos campeonatos. O meu maior incentivador sempre foi meu pai, nunca desistiu de mim e sempre investiu tempo, amor, cuidado e dinheiro para que eu pudesse seguir aquilo que eu amo —resumiu.
A morte do pai não desanimou o filho campeão que, ao contrário, encontrou no luto a força para continuar. Deu certo. Pouco mais de um mês após a partida do seu grande herói, em novembro do ano passado se tornou bicampeão no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo (CBJJE). E esse é apenas uma da coleção de pódios que ele vem alcançando dia após dia. —Quando não estou no mais alto lugar do pódio, estou em segundo, terceiro. Recentemente trouxe dois bronzes do Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu esportivo (CBJJE) —conta orgulhoso o rapaz que já tem um currículo calibrado de dar orgulho a qualquer um. É que na modalidade de jiu-jitsu ele é bicampeão mundial, campeão paulista, campeão sul-americano, bicampeão pan-americano, tricampeão brasileiro, campeão internacional, campeão da taça São Paulo. Ufa! —Espero alcançar muito mais títulos ainda. Meu foco atual é o Mundial em novembro. E uma pena que Olimpíadas na modalidade de jiu-jitsu não existe ainda, mas quem sabe um dia—.
Um atleta que estuda — Diante de tanta ânsia pra vencer nos tatames, e que demanda de tempo para treinar até atingir a máxima na luta, o que faz um atleta que vem ganhando cada vez mais popularidade no jiu-jitsu a querer se dedicar aos estudos? Sim. Não bastasse essa rotina puxada nos tatames, Lucas Porto começou neste ano a estudar Fisioterapia na Unoeste. —Eu sempre gostei de ajudar as pessoas, e na área do esporte sempre tem atletas que precisam de reabilitação. Eu já me lesionei algumas vezes e sei como o trabalho da fisioterapia é importante. Por isso decidi entrar nessa área para que eu possa ajudar os atletas, um grande currículo nessa área desportiva também para incentivar meus pacientes no futuro—.
A rotina do atleta não tem sido fácil nos últimos meses em ter que conciliar treinos e estudos. Faz musculação e treina jiu-jitsu após as aulas da faculdade, a partir das 22h30. Mas ele tem recebido muito apoio de pessoas especiais na vida dele. —Minha família já está acostumada com minha rotina e meu empenho, e minha namorada me apoia muito nas minhas decisões dentro e fora dos tatames. Estou no 2º termo noturno de Fisioterapia e estou amando cada aula. Cada vez mais eu tenho certeza do que quero para o meu futuro, então é apenas questão de administrar o tempo estudando e treinando —diz o jovem que integra a equipe Nilson Nunes BJJ e é treinado pelo mestre Nilson Nunes e o faixa preta e proprietário da academia, Jorge Santos.
Estrutura que impressiona —Sobre a estrutura que o curso de Fisioterapia tem colocado à disposição dele e dos colegas de turma, o atleta é só elogios. “A Unoeste é completa, desde o começo eu tinha vontade de entrar nessa universidade, pois o aprendizado é maravilhoso, os professores são ótimos, os laboratórios impecáveis. Isso agrega imensamente, tenho orgulho de estudar na Unoeste”. Em relação ao futuro, já projeta o que quer além de mais títulos de campeão. —Eu espero ter a desenvoltura e poder me tornar um fisioterapeuta bem sucedido, mirando a área desportiva para fazer trabalhos com vários atletas de modalidades diferentes, especialmente trabalhar com lutadores—.
O coordenador do curso de Fisioterapia, professor doutor Carlos Eduardo Assumpção de Freitas, diz que é motivo de orgulho o Lucas ter escolhido a Unoeste para cursar fisioterapia. —Além dele, já tivemos vários atletas, principalmente do futebol, que deixaram a carreira, na base ou no profissional, e vieram cursar fisioterapia aqui conosco —lembra ele.
Para àqueles que dizem não ter tempo para estudar, o campeão Lucas dá o recado. —Ter tempo é diferente de saber utilizar o tempo, pois além de mim conheço várias pessoas que trabalham o dia inteiro, vão para seu curso noturno e estudam nos finais de semana. Tem uma fala que meu sensei Rodolfo Zanin e agora professor da Unoeste me disse uma vez que eu nunca esqueço: ‘você quer ser mais um atleta ou você quer ser o atleta? Decida!’. Pois então você quer ser apenas um profissional, ou você quer ser ‘o’ profissional da área que está estudando? —encerra em tom incentivador.