O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publica estudo sobre excursão técnica nas montanhas fluminenses. 33% da área do Rio de Janeiro é composta por relevos de montanhas, a maior extensão entre os estados brasileiros, diz a geógrafa Rosangela Botelho, chefe do setor do meio físico da Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia 29 de agosto (terça-feira) uma publicação inédita com o roteiro e as discussões relativas a uma excursão técnica, ocorrida em novembro do ano passado, intitulada “Pelas montanhas do Rio de Janeiro”.
A publicação traz o relato inédito sobre a excursão realizada pelas montanhas fluminenses. O evento reuniu professores, pesquisadores e estudantes. Ao todo, foram 33 participantes de diferentes regiões do país. A excursão foi organizada pelo Comitê Executivo Nacional (CEN) do Sistema Brasileiro de Classificação de Relevo (SBCR), fruto da parceria entre IBGE, Serviço Geológico Brasileiro (SGB) e União de Geomorfologia Brasileira (UGB) e que tem o objetivo de criar uma taxonomia para o relevo brasileiro. Essa expedição pelas montanhas do Rio de Janeiro foi a primeira a reunir especialistas com o objetivo de discutir a taxonomia do relevo. A segunda excursão técnica organizada pelo grupo foi realizada no dia 26 de agosto (sábado), no Pantanal.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia 29 de agosto (terça-feira) uma publicação inédita com o roteiro e as discussões relativas a uma excursão técnica organizada pelo instituto e ocorrida em novembro do ano passado. Intitulada “Pelas montanhas do Rio de Janeiro”, a excursão fez parte do XIX Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, realizado entre os dias 07 e 13 de novembro do ano passado, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Essa foi a primeira de uma série de excursões previstas para acontecer em eventos dessa área em todo o país.
A excursão foi resultado da criação do Sistema Brasileiro de Classificação de Relevo (SBCR), um esforço conjunto do IBGE, do Serviço Geológico Brasileiro (SGB/CPRM), da União de Geomorfologia Brasileira (UGB) e de pesquisadores de diversas instituições de ensino do país para trazer uma classificação única do relevo no território nacional, com uma linguagem comum e padronizada.
—A ideia nasceu nesse mesmo evento [Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada] em que houve o primeiro Workshop de Cartografia Geomorfológica, em Fortaleza, em 2019. Nessa área do conhecimento, cada mapeador cria sua própria legenda e elas não se falam, não se unem, já que os pesquisadores podem chamar as mesmas coisas de nomes diferentes e coisas diferentes com o mesmo nome. Então há a necessidade de se estabelecer uma linguagem científica única para ser possível, inclusive, criar um banco de dados do relevo —explica a geógrafa Rosangela Botelho, chefe do setor do meio físico da Diretoria de Geociências (DGC) do IBGE.
O SBCR também organiza os workshops de Cartografia Geomorfológica, em que são apresentados os avanços do próprio sistema à comunidade científica, que pode participar dos debates. A excursão pelas montanhas do Rio aconteceu nesse contexto e foi a primeira a reunir especialistas da área com o objetivo de difundir e discutir a taxonomia do relevo. No percurso e nos pontos de parada, foram discutidas questões importantes para o sistema.
Rosangela destaca que um dos avanços do SBCR foi conseguir chancelar frente à comunidade científica a existência de montanhas no país. —Foi dito por muitos anos que o Brasil tinha planaltos, planícies e depressões, mas não tinha montanhas. Inclusive vivi isso na escola. Exemplos das montanhas brasileiras são a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. Elas podem não ser tão altas quanto o Himalaia ou os Andes porque são bem mais antigas e sofreram desgastes ao longo do tempo, mas seus processos de formação são semelhantes aos das demais montanhas do mundo —aponta, ressaltando também que 33% da área do Rio de Janeiro é composta por relevos de montanhas, a maior extensão entre os estados brasileiros.
Foi na terceira edição do workshop, no Rio de Janeiro, que ocorreu a primeira excursão técnica pelas montanhas brasileiras. Em 12 de novembro do ano passado, os 33 participantes da excursão partiram do campus Maracanã da UERJ para o primeiro ponto de parada, o Mirante do Cristo, em Petrópolis. O lugar se destaca pelas vertentes íngremes e a vista, a cerca de 740 metros de altitude, da Baía de Guanabara. Do mirante, os pesquisadores partiram para o segundo ponto, localizado no limite entre Petrópolis e Teresópolis. Lá se localizava o ponto mais alto da excursão: cerca de 1270 metros de altitude.
—É uma área que impressiona pela sua grandeza. Lá discutimos a fragilidade dos ambientes de montanhas em termos de ocupação e uso da terra, especialmente nessa região úmida do Sudeste. O Rio de Janeiro, que costuma ter chuvas fortes de verão, é palco de muitos desastres e deslizamentos, como o que ocorreu nessa região em 2011 e no ano passado— relata a pesquisadora.
Depois, os pesquisadores seguiram para o terceiro ponto, o Mirante do Soberbo, em Guapimirim, no limite com Teresópolis. A publicação ressalta a vista panorâmica da região metropolitana do Rio, com destaque para a Baixada Fluminense, a Baía de Guanabara e os Maciços Costeiros, além da visão do emblemático conjunto rochoso do Dedo de Deus. O quarto ponto, que estava no roteiro da excursão, seria em Santo Aleixo, em Magé, mas não foi percorrido por causa do mau tempo no final da tarde daquele dia.
Entre os participantes da excursão estavam dois professores da Universidade de Chile, Hugo Romero e Maria Victoria Soto, que a partir de suas experiências com os Andes, compreenderam a Serra do Mar, na área visitada, como um relevo de montanhas. —Eles ficaram maravilhados e felizes porque não sabiam que aqui havia montanhas tão lindas. Não é dito internacionalmente que o Brasil é um país de montanhas. Por isso esperamos que as excursões possam ajudar nesse entendimento. Acredito que será um facilitador— diz Rosangela, que ainda fala sobre a necessidade de adotar o termo “montanha”, reconhecido internacionalmente, e não serra, por seu uso ser mais restrito ao redor do mundo.
No dia 26 de agosto(sábado) ocorreu a segunda excursão técnica organizada pelo SBCR, intitulada “Adentrando a planície pantaneira”, que partiu de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, e teve como último ponto as Serras e Morrarias do Urucum, em Corumbá, também no estado. A expedição, que contou com a presença de 44 participantes, faz parte do 14º Simpósio Nacional de Geomorfologia (Sinageo), que está acontecendo no município. A próxima excursão está prevista para ocorrer no ano que vem na Paraíba.