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29/08/2023

A revolução digital no universo publicitário

Há mais de dez anos atrás, Franca Sozzani, que, na época, era diretora da Vogue Itália, escreveu o editorial “Bloggers: um fenômeno ou uma epidemia?”, que abordava, de forma pouco delicada, a ascensão dos blogs de moda, criticando o fato de que as tendências da modernidade não eram mais lançadas por quem fazia disso uma profissão, mas por quem divulgava o “popular” como algo especial.

Na América do Norte, as críticas da Vogue partiram da voz de Sally Singer, a diretora Criativa Digital da marca, que declarou: — Está procurando um trabalho, por favor, não faça, você está proclamando a morte do estilo—.

O pedido de Sally e as dúvidas de Sozzani, no entanto, se revelaram completamente desimportantes.

Expansão da Influência — Blogueiros se tornaram instagramers e influenciadores, youtubers se tornaram os novos grandes apresentadores, cantores, produtores e diretores de conteúdo, instagramers se tornaram grandes nomes de repercussão nacional e continental, sendo, inclusive, convidados a lançar suas próprias marcas, parcerias comerciais, e para assinar produtos dos mais diversos nichos. E todo esse movimento não para de crescer.

A indústria da moda foi democratizada em todos os aspectos, independentemente do que desejavam as grifes mais caras — e restritas — do mundo.

Fim do Estereótipo — Foi-se o tempo em que só mulheres altas e loiras conseguiam se destacar em uma agência de modelos, até por que, muito mais do que corpos de passarela, desfilando marcas de roupas famosas, o mercado demanda por campanhas publicitárias dos mais variados tipos de produtos, de cadeiras a maquiagens, de receptor de TV via internet a perfumes.

Ter um rosto amigável e gentil vinculado a qualquer tipo de serviço ou material faz com que ele seja muito mais facilmente comercializado, o que abriu muito espaço para novos rostos e personalidades no mundo da propaganda.

Os influencers geralmente começam aos poucos, abrindo espaço para o público em geral comentar suas fotos, conteúdos e trabalho, e assim, conhecer suas vidas, e, com o tempo, começam a ganhar atenção de marcas e lojas que oferecem permutas que tenham relação com seu trabalho, tornando-se, de certa forma, rostos publicitários que anunciam produtos e serviços. Os nichos são variados e nem sempre o tipo de modelagem envolve a imagem física de alguém. Às vezes, o modelo é o estilo de vida que essa pessoa leva.

Um influencer de turismo ou lifestyle, por exemplo, vai se vincular com marcas como a Gol, a 123 milhas passagens aéreas, sites de pesquisas de hoteis, pacotes de viagens, lojas de malas e itens para viajantes, entre outras coisas que interessem para pessoas que gostem de viajar.

Um influencer de negócios, provavelmente, apresentará oportunidades de franquias para quem deseja atuar como correspondente bancário, dono de restaurante, investidor na bolsa de valores, lojista de grandes redes de cosméticos, e diversos outros nichos, sendo, muitas vezes, patrocinado pela marca ou empresa para expor o negócio para o seu público.

Luxo X Simplicidade — Outro aspecto que mudou muito nos últimos anos também está relacionado à quebra dos estereótipos.

Assim como as loiras, altas, magras, de olho azul, deixaram de ser um padrão estético a ser perseguido pelas mulheres do mundo todo, a vida de luxo, com joias assinadas e carrões importados, também deixou de ser a meta de vida de muitas pessoas.

Diferentemente dos grandes nomes que sempre estrelaram campanhas publicitárias, o universo dos influencers fez com que pessoas comuns se sentissem representadas, ascendendo aos poucos e melhorando suas vidas, dentro do que é possível e real, sem grandes heranças e patrimônios milionários que validem suas conquistas.

O luxo não faz sentido para a maior parte da população mundial. É inalcançável, inatingível, como um conto de fadas feito para crianças, e boa parte das pessoas já se deu conta disso.

Jornada do Herói — Pessoas que saem de uma vida comum e vão construindo sua trajetória diante do público vão ganhando notoriedade e se tornando cada vez mais capazes de influenciar seus admiradores.

No mundo do marketing, essas histórias são conhecidas como Jornada do Herói.

Representam a vitória diante das dificuldades e levam as pessoas a acreditarem em si mesmas.

As marcas sabem disso.

As empresas sabem disso.

Não querem mais ser representadas por pessoas que já surgiram ricas e milionárias desde o primeiro flash.

Querem mostrar para seus consumidores, que seus produtos e serviços foram feitos para pessoas de verdade.

Até o momento, tem funcionado para a grande maioria.

É a onda do momento no universo publicitário.

Parece bom. Tanto para o comercial quanto para o social.

Resta-nos acompanhar, para ver, através do tempo, qual será o reflexo desse novo padrão de posicionamento.| Bruna Bozano.