Com avanço na sustentabilidade, os primeiros produtos desse portfólio são o ácido adípico Rhodiacid® e fio têxtil de poliamida Amni® Carbon Neutral. Emissões remanescentes dos produtos são compensadas com aquisição de créditos de carbono de projeto de reflorestamento no bioma da Amazônia. Empresa prossegue com projetos para redução de emissões de sua produção.
A Rhodia, empresa do Grupo Solvay, está desenvolvendo o primeiro portfólio de produtos químicos e têxteis com pegada de carbono neutralizada, seguindo sua estratégia de neutralização de emissões de suas operações e produtos.
O objetivo da empresa é acelerar a descarbonização de sua cadeia produtiva, em linha com os objetivos estabelecidos pelo programa Solvay One Planet de avançar em desenvolvimento sustentável, dando a contribuição da empresa para mitigação da crise climática enfrentada pelo planeta.
—Com esse portfólio, composto inicialmente por dois produtos, damos mais um passo na direção da neutralidade de carbono de nossas operações —diz Daniela Manique, CEO do Grupo Solvay na América Latina e principal executiva da área global de negócios Coatis, responsável pelo desenvolvimento desse portfólio brasileiro de produtos neutros em carbono. A intenção da empresa é ampliar o portfólio ao longo dos próximos meses.
Químicos e têxteis neutros — Na área química, o primeiro produto a compor esse portfólio é o ácido adípico Rhodiacid®, um intermediário químico básico das cadeias produtivas de poliamidas, de poliuretanos base éster e plastificantes.
Tem aplicações em sistemas de poliuretanos, principalmente para a produção de solados de calçados, lubrificantes, plastificantes, adesivos, tintas e resinas, espumas flexíveis e rígidas, aplicações alimentares e de detergência.
O ácido adípico reage a hexametilenodiamina (HMD) formando o adipato de hexametilenodiamina, também chamado de sal nylon. O sal nylon é a matéria-prima da cadeia de fibras têxteis e industriais.
Ainda na área química, a empresa se prepara para o lançamento em breve de solventes oxigenados neutros em carbono, atendendo à demanda de segmentos de mercado tanto no Brasil quanto no Exterior.
Na área têxtil, o primeiro produto a integrar essa gama carbono neutro é fio têxtil de poliamida Amni® Carbon Neutral, para utilização em diversos segmentos da indústria do vestuário e da moda.
A Rhodia tem realizado nos últimos anos uma série de inovações na plataforma de desenvolvimento da poliamida têxtil Amni®, agregando sustentabilidade e funcionalidade aos benefícios já conhecidos da sua poliamida têxtil: tecnologia, conforto e easy care (fácil de usar e de manter).
Produtos certificados — A pegada de carbono desses produtos da Rhodia é certificada por terceira parte, externa à empresa. As emissões de CO2 remanescentes de cada produto são compensadas com a compra de créditos de carbono.
—Quando falamos em produto carbono neutro, estamos nos referindo ao escopo do berço ao portão. Isso significa que todas as emissões, desde a extração das matérias-primas até o portão de nossas fábricas, foram reduzidas por diversos projetos, depois contabilizadas e compensadas com a aquisição de créditos de carbono de projetos relevantes de conservação de Meio Ambiente — diz Antonio Leite, vice-presidente da Unidade Global de Negócios Coatis, do Grupo Solvay.
Fazenda São Nicolau e créditos de carbono – Depois de um criterioso processo de seleção, feito pelas equipes de sustentabilidade, a Rhodia decidiu comprar os créditos de carbono de um projeto de reflorestamento no Brasil, realizado na Fazenda São Nicolau, em Mato Grosso (MT), cujo dono é o Office National des Forêts (ONF Brasil). Esse projeto está localizado na região do arco do desmatamento, onde a floresta amazônica nativa tem sido derrubada para a criação de gado e o cultivo de soja.
Segundo Paulo Pavan, vice-presidente de Inovação e Sustentabilidade da Unidade Global de Negócios Coatis do Grupo Solvay, a escolha desse projeto se deveu a diversos fatores que estão em linha com as políticas da empresa na área de Clima e Meio Ambiente, como descarbonização, promoção e conservação da biodiversidade, educação das comunidades, impacto social, econômico e cultural das pessoas e comunidades.
—Além de atuar no reflorestamento, esse projeto promove a conservação da biodiversidade, com a preservação de mais de duas mil espécies de fauna, sendo 800 espécies de vertebrados identificados (aves, anfíbios, répteis, mamíferos pequenos e grandes) e mais de 500 espécies arbóreas. Também gera empregos para a comunidade local, sedia pesquisas científicas com experimentos agroflorestais e silvipastoris, e mantém um programa de educação ambiental para alunos da região. Permite, ainda, a exploração de madeira combinada com mata nativa, perpetuando a captura de CO2 —diz Paulo Pavan.
Os créditos de carbono comprados pela Rhodia são gerados pelas atividades de reflorestamento da Fazenda e “armazenados” em um Poço de Carbono Florestal. Pelo projeto, já foram plantadas dois milhões e meio de espécies nativas. À medida que as mudas crescem, retiram carbono da atmosfera. Desde sua implementação até 2020 já haviam sido absorvidas quase quatrocentas mil toneladas de CO2. A previsão é que até 2038 esse número alcance um milhão de toneladas.
O projeto da Fazenda São Nicolau está registrado na entidade Verra – organização que gere o principal programa voluntário de créditos de carbono do mundo, o Programa Verified Carbon Standard (VCS), bem como outros programas socioambientais. Dessa forma, o projeto da ONF passa por auditorias periódicas de terceira parte, garantindo que as reduções de emissões sejam de fato adicionais, únicas e verificadas.
Investimentos em redução de emissões — Embora neste momento esteja adquirindo créditos de carbono para compensar emissões remanescentes dos produtos desse portfólio, em paralelo, a Rhodia prossegue com projetos para redução das emissões de carbono de sua cadeia produtiva, garante Daniela Manique, CEO do Grupo Solvay na América Latina.
Ao longo das duas últimas décadas, a empresa realizou diversas ações nesse sentido. Uma das mais importantes foi a implantação de unidade de abatimento de gás de efeito estufa, em 2007, em Paulínia (SP), que contribuiu para a empresa alcançar o índice de redução de cerca de 95% de suas emissões naquele conjunto industrial.
—Somente no período de 2018 a 2022, por exemplo, reduzimos mais de 10% as emissões de gases de efeito estufa nas unidades químicas e têxteis de Paulínia e Santo André, ambas em São Paulo— diz Daniela Manique.
Esse avanço — segundo ela — também ocorreu por conta de outros projetos tais como a utilização de energia elétrica oriunda de biomassa, além de outros projetos de eficiência energética e troca de óleo para gás natural nas caldeiras da área de produção ocorrida há alguns anos.
Esse histórico de redução é condição imprescindível para que se possa usar créditos para o abatimento de emissões residuais, acrescenta Daniela Manique. —Em outras palavras, não é uma questão econômica de comprar créditos de carbono e direcioná-los às emissões de um produto A ou B, mas há que se demonstrar redução expressiva e consistente ao longo do tempo nas emissões de escopo 1 e 2 combinadas, e só então a empresa se qualifica para “compensar o residual. Essa postura nos dá uma vantagem competitiva para quem queira começar agora, pois haverá de começar com vultuosos investimentos em tecnologia ou transição de matriz energética— afirma Daniela.
Ao mesmo tempo, a Rhodia tem trabalhado com os principais fornecedores para a redução de emissões. Esses projetos são desafiadores em termos de tecnologia/oferta de mercado, e contribuirão para a neutralidade nos próximos anos.
—O desenvolvimento desse portfólio de produtos neutros em carbono é uma ação com o objetivo de ajudar no combate à crise climática, que é um tema urgente da sociedade. E a compra de créditos de carbono gerados por projetos de alta qualidade e confiabilidade para compensar emissões remanescentes desse portfólio nos dá a oportunidade de fazer algo relevante aqui e agora para o planeta — conclui Daniela Manique.