Projetado para automatizar inspeção de roletes, equipamento deve reduzir número de manutenções não programadas, elevar produtividade da extração e até prevenir incêndios por superaquecimento.
A ABB, empresa especializada em automação industrial, desenvolveu um robô para automatizar a manutenção de correias transportadoras de minerais, já prestes a ser testado em condições de mundo real.
Desenvolvido no Brasil por um dos comitês de pesquisa que a empresa mantém pelo mundo, o Conveyor Roller Inspection Services, também chamado de CRIS, foi projetado para inspecionar roletes de esteiras com câmeras térmicas e sensores.
O equipamento percorre trilhos próximos das esteiras (foto) para analisar roletes à procura de aquecimento e ruídos decorrentes de desgaste. Com esses dados, o software do equipamento prevê quando os componentes devem ser substituídos, evitando paradas não programadas para manutenções corretivas e a paralisação da extração, já que o reparo de um único rolete pode parar toda operação relacionada à esteira.
Fausto Almeida, diretor de negócios de mineração da ABB para a América Latina, acredita que o CRIS pode se tornar uma ferramenta relevante para mineradoras ampliarem a disponibilidade das esteiras e elevarem a produtividade de suas linhas. Especialmente no momento em que o setor investe para elevar a produção dos metais demandados pela transição energética e para descarbonizar as próprias operações via aumento de eficiência.
—O CRIS analisa a imagem termográfica, os dados visuais e de ruído dos roletes para avaliar a condição dos componentes e indicar quais devem receber prioridade na manutenção. Permite, portanto, fazer manutenção preditiva e antecipar problemas de superaquecimento, inclusive incêndios, que podem colocar em risco trabalhadores e a operação— diz.
O executivo também diz que o robô vai automatizar o trabalho hoje manual e insalubre dos mecânicos encarregados de reparar as esteiras, ao fazer a inspeção com mais rapidez e diminuir a exposição dos profissionais a perigos como lama, poeira, temperaturas extremas, quedas e riscos mecânicos.
O protótipo conceitual do CRIS foi gestado pelo departamento de pesquisa e desenvolvimento da ABB nos Estados Unidos, que, após considerá-lo viável comercialmente, decidiu transferir o desenvolvimento para a subsidiária brasileira, responsável por atender mineradoras potencialmente interessadas no Brasil, Chile e Peru.
O desenvolvimento do CRIS seguiu na fábrica da ABB em Sorocaba (SP) até que o robô alcançou a atual versão pré-industrial, já próxima da que será fabricada em definitivo. Essa versão teve seu design melhorado recentemente por uma fundação catarinense de apoio à inovação, para facilitar, inclusive, a fabricação em série.
Segundo Almeida, já existem protótipos dessa versão a caminho do Chile, onde serão testados em condições reais de extração de cobre, devendo, ainda, receber melhorias adicionais após os testes de campo.
“A América do Sul tem uma das minerações mais automatizadas do mundo. Há potencial para este produto”, diz o executivo sem detalhar quando o robô vai entrar em produção.