Em reuniões na Arábia Saudita, ministro Carlos Fávaro, do Ministério da Agricultura e Pecuária brasileiro (Mapa) encontrou disposição local de integrar programa que pretende dobrar produção de alimentos no Brasil sem desmatar. Empresários que participam de delegação tiveram agenda paralela com apoio da Câmara Árabe e ApexBrasil.
Os sauditas se mostraram dispostos a participar do programa de produção sustentável de alimentos do Brasil, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária brasileiro (Mapa), após visita do ministro da pasta, Carlos Fávaro, ao país árabe no dia 30 de julho (domingo).
Fávaro esteve em Riad acompanhado de delegação composta de senadores, empresários do agronegócio e equipe técnica. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) integraram o grupo e apoiaram a realização da agenda empresarial.
O ministro de Meio Ambiente, Água e Agricultura da Arábia Saudita, Abdulrahman Al Fadley recebeu o ministro brasileiro, e eles conversaram sobre a formação de um grupo de trabalho visando a estruturação e implementação de parceria conjunta no setor agropecuário e de insumos agrícolas.
O Mapa encabeça iniciativa que pretende ser o maior programa de produção sustentável de alimentos do mundo, com recuperação de pastagens degradadas e o objetivo de dobrar a área de produção de alimentos no Brasil sem desmatamento. O ministro saudita disse que sua pasta irá atuar para que o setor privado local ingresse na iniciativa.
O ministro também foi recebido na Companhia Saudita de Investimento Agrícola e Pecuário (Salic), que confirmou o interesse em participar do programa. O ministro esteve com o CEO em exercício da Salic, Mohammed bin Mansour Al-Mousa. Eles também acertaram que a companhia irá criar e coordenar um segundo grupo para dar continuidade às tratativas no âmbito privado, identificando empresas sauditas interessadas na proposta.
Ministro teve reunião na saudita Salic —O projeto desenvolvido pelo Ministério da Agricultura prevê a recuperação e conversão de até 40 milhões de hectares de pastagens no Brasil, o que pode dobrar a área de produção de alimentos no País sem desmatamento, contribuindo para a segurança alimentar do planeta e o controle das mudanças climáticas, com a redução da emissão de carbono. Fávaro também foi recebido na Saudi Basic Industries Corporation (Sabic), do setor petroquímico.
A agenda do ministro foi acompanhada pelo embaixador do Brasil na Arábia Saudita, Sérgio Bath. “O principal objetivo da missão foi apresentar ao lado saudita o programa de recuperação de pastagens degradadas no Brasil”, disse. Ele ressaltou a expressiva delegação que acompanhou o ministro, com integrantes do Mapa, Ministério das Relações Exteriores (MRE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Banco do Brasil e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os senadores Rogério Carvalho e Irajá Silvestre, e empresários.
Empresários do Brasil —O setor privado que integra a delegação teve programação na Arábia Saudita voltada a contatos empresariais. Eles participaram de café da manhã oferecido pela Câmara Árabe e ApexBrasil na Embaixada do Brasil em Riad, do qual também participou uma zona franca saudita e no qual os temas foram o agronegócio e os investimentos. O grupo foi recebido pelo ministro conselheiro da embaixada, Rubem Amaral.
A delegação empresarial também teve encontro com o presidente do King Abdullah Petroleum Studies and Research Center (Kapsarc), Fahad Alajlan, onde falaram sobre agronegócio sustentável, biocombustíveis e a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP28), que vai ocorrer no final deste ano nos Emirados Árabes Unidos. O chefe da Divisão de Promoção do Agronegócio do MRE, Bruno Leite, participou.
— Essa missão empresarial proporcionou aos empresários conhecer as oportunidades, as formas de se conectar com o mercado, as necessidades que o mercado saudita tem e o anseio pelos produtos brasileiros. A ApexBrasil está construindo um plano robusto de como acessar e de como desenvolver mais iniciativas para explorar esse mercado junto ao setor privado e a parceiros relevantes na região, como a Câmara Árabe —disse Tatiana Riera, gerente-geral do Escritório da ApexBrasil para a região do Oriente Médio, Norte da África e Índia.
Encontro na Embaixada do Brasil em Riad —O diretor do Escritório da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, participou das atividades. —A Arábia Saudita é a maior economia do mundo árabe, responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. Em 2022, o Brasil exportou quase US$ 1 bilhão em produtos aos sauditas, boa parte do agronegócio. Faz muito sentido essa missão ter vindo conversar com esse grande cliente do Brasil que é a Arábia Saudita —afirma.
Tanto Solimeo como Riera ressaltam o momento em que a missão acontece, nos mesmos dias em que uma delegação saudita, liderada pelo ministro de Investimentos do país árabe, Khalid Al Falih, está no Brasil com grande grupo empresarial. —Eles estão no Brasil querendo investir e atrair investimentos, nós estamos na Arábia Saudita no mesmo momento, também querendo investir e atrair investimentos —diz Solimeo.
Depois da Arábia Saudita, a agenda da delegação segue nesta semana nos Emirados Árabes Unidos. A visita aos dois países do Oriente Médio faz parte de uma missão maior do Ministério da Agricultura e Pecuária, que inclui também Coreia do Sul e Japão, onde o grupo já esteve. O ministério vem realizando uma agenda de promoção internacional da intensificação da produção sustentável do Brasil visando a atração de investimentos estrangeiros. | ANBA