A internet modificou o comportamento da sociedade, que está sempre a um clique de tomar inúmeras decisões, seja para comprar um produto ou assinar um contrato. O meio digital proporcionou facilidades e riscos, tornando o ciberespaço um campo minado, repleto de pessoas mal-intencionadas que esperam uma oportunidade para se beneficiar das mais vulneráveis.
O estelionato em ambiente virtual, por exemplo, tem se destacado como uma ameaça cada vez mais presente. Esse tipo de crime envolve a utilização de meios eletrônicos como links, mensagens, e-mails e telefonemas, que são utilizados como pontos de conexão por oportunistas para aplicação de golpes e fraudes que muitas vezes não prejudicam apenas as vítimas, mas famílias inteiras.
Aposentados e pensionistas são as principais vítimas, uma vez que possuem facilidades para requerer empréstimos em instituições financeiras e acabam sofrendo prejuízos significativos.
De acordo com o 16° Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, o número de crimes de estelionato digital disparou quase 65% em 2021, quando comparado a 2020. Em números absolutos, passou de 34.713 para 60.590 no período. Se comparado com 2018, esse número é ainda mais alarmante, com um avanço de quase 500%. Em 2018, houve 7.591 casos. Esses números são apenas a ponta do iceberg, uma vez que muitos casos não são reportados às autoridades, dificultando uma estimativa mais real.
Dentre as modalidades mais comuns de estelionato virtual, destacam-se os golpes de phishing, onde os criminosos se passam por instituições financeiras ou empresas conhecidas para obter dados sensíveis dos usuários, como senhas e informações bancárias. Além disso, há os golpes de vendas falsas, em que produtos são anunciados na internet, mas nunca são entregues após o pagamento. Outra prática frequente é a clonagem de cartões de crédito, realizada por meio de dispositivos de leitura adulterados.
O modus operandi utilizado por esses criminosos é ardiloso e calculado. Eles estudam os potenciais clientes através do vazamento de dados e fazem uma busca completa da vida pessoal e financeira da vítima, com a intenção de ganhar a confiança da pessoa para aplicar o golpe. Esse tipo de ação normalmente dura semanas. E muitas vezes, as vítimas não possuem conhecimento suficiente sobre medidas de segurança digital e transações financeiras on-line, facilitando o trabalho dos criminosos.
Os contratos assinados no ciberespaço proporcionam comodidade, mas também riscos. Uma vez que os estelionatários enviam à instituição financeira todos os dados da vítima e o contrato devidamente assinado, fica mais difícil comprovar o golpe.
No entanto, em caso de crimes virtuais, é imprescindível procurar um advogado especializado e fazer o boletim de ocorrência imediatamente. Vale ressaltar que, para garantir a justiça nestes casos, provas como mensagens de aplicativos, fotos e ligações gravadas são fundamentais, tudo isso serve para ser anexado no processo.
Dito isso, é de extrema importância conscientizar idosos a não aceitar qualquer valor e não criar qualquer conexão com desconhecidos no ambiente virtual. Os estelionatários estão cada vez mais profissionais, possuem sites, empresas físicas, CNPJ, centrais de atendimento, apenas para ludibriar as pessoas. O ambiente virtual trouxe muitas facilidades para a sociedade, mas em contrapartida, fez com que aumentasse drasticamente o número de golpes aplicados na web.
. Por: Carollina Velasco, advogada e professora do Centro Universitário IBMR.