As empresas no Brasil têm mostrado, aos poucos, mais atenção à diversidade e à inclusão. Seja por uma vontade legítima ou por ceder a pressões externas, os ambientes organizacionais começam a se modificar com o foco em incluir as pessoas em suas diferentes formas de agir e pensar. O que é importante perceber é que além de todos os ganhos que se tem com uma empresa com múltiplas visões e contextos, é que a diversidade tem um impacto significativo na saúde mental das organizações.
Explico: quando dou voz a pessoas com diferenças culturais, religiosas, de gênero, dentre outras, cada uma pode contribuir com um olhar único para a empresa, gerando uma multiplicidade de visões construtivas que ampliam possibilidades dentro da instituição. Um ambiente de trabalho que incentiva o respeito às diferenças, a empatia e a possibilidade de conviver com quem tem bagagem e experiências distintas, tende a ser um local com mais segurança psicológica.
A solução para os problemas do dia a dia e até mesmo um produto pode ser repensado a partir destes diferentes olhares. E todos ganham quando há diversidade, incluindo o equilíbrio emocional no ambiente corporativo.
As instituições têm percebido que o esforço de adotar políticas de diversidade e inclusão vale muito a pena, porque desta iniciativa surgem ainda times mais engajados. Em paralelo, quando há uma atenção intencional para a construção de ambientes emocionalmente saudáveis, este investimento se torna sustentável.
Empresas podem e devem ter políticas de inclusão para grupos historicamente excluídos, mas para além disso, não podem negligenciar esta “tarefa de casa” que vai contribuir com a redução do turnover, por exemplo. O discurso sobre a inteligência emocional, que é uma habilidade desejada pelas corporações, é muito mais amplo do que simplesmente exigir que o colaborador saiba lidar, por si só, com pressões e situações adversas. Pode ser difícil digerir isto, mas está nas mãos dos líderes a capacidade de elevar suas equipes ao próximo nível ou de destruir os talentos física e emocionalmente.
E infelizmente é a segunda opção que tem prevalecido em muitos locais, afetando inclusive o faturamento das empresas, como mostrou recentemente a pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), segundo a qual os problemas psicológicos causam uma perda de R$ 397,2 bilhões por ano no Brasil.
Pessoas estão adoecendo emocionalmente, e precisam de cuidados. E aqui a antiga máxima funciona também: prevenir é melhor que remediar, por isso a informação sobre ansiedade, depressão, estresse, Síndrome de Burnout, que têm afetado o ambiente corporativo fortemente, é o ponto de partida para mudar esta realidade.
Com conhecimento, empatia e respeito, reduz-se também os preconceitos contra pessoas com doenças ou transtornos mentais. Assim como qualquer adoecimento, quem sofre emocionalmente tem o direito de ser respeitado como qualquer outro profissional em tratamento. Ninguém é menos capaz por ter problemas com enxaqueca, por exemplo, assim como não se é um profissional menos qualificado por estar enfrentando ansiedade.
Quando os líderes não se preocupam em construir um ambiente emocionalmente saudável, possivelmente estarão prejudicando seus melhores talentos. São eles os que mais sofrem de Burnout, porque em geral são os que não se importam em dar um pouco mais de si. E não há nada de tão grave nisso, desde que a realidade na empresa não seja de mera cobrança por resultados, mas sim de uma gestão assertiva, que ajude os times a desempenharem mais e melhor da maneira correta, entendendo as diferenças, inclusive, de temperamento, humor e capacidade de lidar com as pressões do dia a dia.
As empresas ganham muito quando as lideranças priorizam a diversidade e a inclusão, sem esquecer de que, depois de formar seus times, cada pessoa que faz parte dele é única, inclusive emocionalmente. Que cada líder faça a sua parte na construção de ambientes de trabalho diversos, que também sejam saudáveis emocionalmente!
. Por: Lorena Soares, psicóloga e CEO da Amar.elo Saúde Mental.