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05/07/2023

Sergio Medeiros, da Embrapa e membro do CCAS, aborda a produção de carne

E emissão de gases do efeito estufa em podcast.

O conselheiro do CCAS (Conselho Científico Agro Sustentável) e pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Sergio Raposo Medeiros, foi convidado a participar do podcast “Rádio UFSCar” para discutir a produção de carne e as emissões de gases do efeito estufa. Durante o episódio, Medeiros ressaltou a importância da tecnologia, pesquisa científica e preocupação ambiental, pilares fundamentais para o CCAS, para enfrentar os desafios relacionados à pecuária.

Medeiros contextualizou a situação do Brasil como um dos maiores emissores de gases do efeito estufa do planeta e explicou que uma parte significativa dessas emissões está associada à pecuária, especialmente à digestão de ruminantes e à produção de metano nesse processo. No entanto, o pesquisador destacou que eliminar todo o rebanho de bovinos do país, que atualmente conta com mais de 200 milhões de cabeças, resultaria em uma redução de menos de 1% dessas emissões.

— Apesar do Brasil estar entre os dez maiores produtores de gases do efeito estufa, ele é responsável apenas por menos de 3% do total e a pecuária é responsável por menos de um terço dessa quantidade. Isso produzindo basicamente a partir de capim— explicou o pesquisador.

Ele ressaltou que a produção de carne bovina no país é principalmente baseada em pastagens, que são desenvolvidas localmente, resultando em um alimento nobre que contribui para a segurança alimentar e para a economia brasileira. —Então estaríamos abrindo mão de mais de dez milhões de toneladas de um alimento nobre com a diminuição ou extinção das produções —contou Medeiros.

O pesquisador destacou o progresso realizado na redução das áreas de pastagem no Brasil, que têm diminuído nas últimas décadas. Essa tendência de redução continua, à medida que a produtividade aumenta. Segundo Medeiros, as áreas liberadas anteriormente ocupadas por pastagens estão sendo direcionadas para a produção de alimentos destinados ao consumo humano e de animais monogástricos, como frangos e suínos. Essa abordagem ajuda a reduzir a necessidade de novas áreas de desmatamento.

Medeiros enfatizou o esforço da indústria pecuária na redução da produção de metano por animal, por meio da utilização de tecnologia avançada, melhor nutrição, cuidados com a saúde e aprimoramento da reprodução. Ele explicou que, ao produzir mais carne por quilo de animal, a quantidade de metano por quilograma de produto emitida é reduzida, resultando em uma pegada ambiental melhor para a atividade. Essas melhorias contribuem para a sustentabilidade da produção de carne bovina no país.

O pesquisador ressaltou que a carne desempenha um papel essencial na alimentação humana, fornecendo proteínas necessárias para combater a fome no mundo. Segundo Medeiros, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) reconhece a importância da carne e de outros produtos de origem animal na luta contra a fome global. Além disso, ele destacou que a carne é uma fonte importante de ferro, contribuindo para combater a anemia, uma deficiência prevalente em todo o mundo e no Brasil.

— Outra exemplo são os idosos que conseguem manter um consumo de carne melhor, eles têm menos perda de massa muscular e consequentemente mais qualidade de vida. Seja para quem for, a carne é um alimento que ajuda muito o nutricionista a fazer uma dieta bem balanceada e não é a toa que ela é tão usada em hospitais e inclusive faz parte do cardápio dos astronautas da estação espacial —exemplificou o conselheiro.

Medeiros enfatizou que a produção de carne pode ser realizada de forma ambientalmente adequada, garantindo o bem-estar animal. Ele ressaltou que o bem-estar animal é um fator de produção que auxilia na redução das pegadas ambientais da atividade.

As informações compartilhadas no programa sobre a produção de carne e as emissões de gases do efeito estufa, são fundamentadas e destacam o compromisso com a pesquisa, tecnologia e preocupações ambientais no setor agropecuário brasileiro. | Ouça o episódio completo no endereço: https://shre.ink/9bs9

CCAS — O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicílio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, por sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. Não podemos deixar de lembrar que a evolução da civilização só foi possível devido à agricultura. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa, assim como a larga experiência dos agricultores, seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. | Website: http://agriculturasustentavel.org.br e, redes sociais.