Volume representa queda de 19% ante mesmo intervalo de 2022 e reflete um início de colheita mais lento e o pouco café remanescente após duas safras menores. A receita cambial foi de US$ 2,958 bilhões, recuando 24,4% ante os US$ 3,910 bilhões observados em idêntico período anterior.
As exportações brasileiras de café totalizaram 2,448 milhões de sacas de 60 kg em maio, gerando receita cambial de US$ 544,8 milhões. Na comparação com o quinto mês de 2022, registram-se recuos de 17,4% em volume e de 22,6% em valor, conforme dados do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgados no dia 13 de junho (terça-feira).
Com esse desempenho, as remessas nacionais de café, no acumulado de 11 meses do ano safra 2022/2023, chegaram a 32,977 milhões de sacas, o que implica queda de 9,7% em relação aos 36,501 milhões aferidos entre julho de 2021 e maio de 2022.
Já a receita, refletindo o maior preço médio do produto no intervalo atual — US$ 228,83/saca contra US$ 202,47/saca —, avança 2,1% no mesmo comparativo, somando US$ 7,546 bilhões.
Ano civil — De janeiro ao fim de maio de 2023, o Brasil exportou 13,577 milhões de sacas, volume 19,3% inferior ao apurado nos cinco primeiros meses do ano passado (16,823 milhões). A receita cambial foi de US$ 2,958 bilhões, recuando 24,4% ante os US$ 3,910 bilhões observados em idêntico período anterior.
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a colheita do produto no país se aproximava de 20% do previsto ao final de maio, ficando cerca de dez pontos percentuais abaixo da média dos últimos cinco anos.
— Esse fato, aliado ao pouco café remanescente após safras menores em 2021 e 2022, afetadas significativamente por adversidades climáticas, lembrando que maio é o penúltimo mês da safra 2021/2022, interfere nessa menor performance atual dos embarques— explica.
Ele anota que, com o avanço da entrada dos cafés da temporada 2023/2024, provavelmente veremos uma evolução nos volumes remetidos ao exterior pelo Brasil nos próximos meses.
— O cinturão cafeeiro nacional não sofreu impactos do clima até o momento e as perspectivas são boas para a nova safra, com importadores demonstrando bastante interesse comprador por nossos arábicas — conta.
Márcio Ferreira, presidente do Cecafé
O presidente do Cecafé recorda que, nos primeiros meses do ano, a variedade brasileira, em razão da escassez, chegou a ser negociada com prêmio sobre a Bolsa de Nova York, havendo redução substancial nos negócios.
— Com a chegada da nova safra, contudo, os diferenciais vêm se ajustando aos níveis históricos, com mais negociações, os quais refletirão maiores volumes de embarques quando comparados aos que vimos nesses primeiros cinco meses do ano— projeta.
Ainda conforme Ferreira, os cafés robusta e conilon brasileiros vêm alcançando diferenciais de preços próximos aos do Vietnã, o que pode aquecer o mercado internacional da variedade.
— Os seguidos anos de bons volumes colhidos e as significativas altas alcançadas na bolsa internacional, em especial pela expectativa de quebra na safra da Indonésia, fazem com que o cenário também seja favorável aos canéforas, pois, com diferencial mais atrativo, tem ocorrido demanda mais constante dessa variedade, o que deve acelerar os volumes de embarques a partir de junho— completa.
Principais destinos — Nos cinco primeiros meses de 2023, os Estados Unidos permanecem como principal importador dos cafés do Brasil, com a aquisição de 2,512 milhões de sacas, volume 23,1% inferior ao registrado no mesmo período de 2022. Esse montante equivale a 18,5% dos embarques totais brasileiros no intervalo.
A Alemanha, com representatividade de 12,5%, comprou 1,691 milhão de sacas (-46%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a importação de 1,110 milhão de sacas (-21,7%); Japão, com 837.437 sacas (+14,2%); Bélgica, com 630.260 sacas (-62,3%); e Colômbia, com 538.071 sacas (-2,9%).
Do sétimo ao décimo lugares, o desempenho é positivo, com essas nações elevando suas aquisições dos cafés do Brasil. A Turquia importou 460.446 sacas, ampliando em 34,9% suas compras ante os cinco primeiros meses de 2022, e é seguida por Holanda, com 422.277 sacas (+43,6%); Argentina, com 379.418 sacas (+23,4%); e França, com 377.376 sacas (+7,7%).
Por blocos econômicos, também merece destaque a evolução de 15,1% registrada para a Ásia, puxada pelos desempenhos positivos de Japão e Turquia, além do forte crescimento para a China. —Os chineses importaram 281.329 sacas dos cafés do Brasil de janeiro a maio deste ano, o que representa uma alta de 99,2% sobre o mesmo intervalo antecedente e classifica a nação como o 14º principal destino do produto — aponta o presidente do Cecafé.
Outros grupos que se destacaram positivamente foram Oriente Médio e Países Árabes, que elevaram suas aquisições em 35,4% e 50,2%, respectivamente. —Nos países dessas regiões, há uma característica muito intensa de se consumir o café rio. E o Brasil é praticamente o único país que produz café arábica com essa característica de bebida, sendo um fornecedor leal e em quantidade a esses destinos — conclui Ferreira.
Portos de Santos, Rio de Janeiro e Paranaguá — O complexo marítimo de Santos (SP) segue como principal exportador dos cafés do Brasil de janeiro a maio de 2023, com a remessa de 10,379 milhões de sacas ao exterior, o que equivale a 76,4% do total. Na sequência, aparecem os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 18,5% dos embarques ao enviarem 2,506 milhões de sacas, e Paranaguá (PR), com a exportação de 198.640 sacas e representatividade de 1,5%.
Tipos de café — O café arábica foi o mais exportado entre janeiro e o fim de maio deste ano, com volume equivalente a 11,466 milhões de sacas, o que corresponde a 84,5% do total. O segmento do solúvel teve o correspondente a 1,567 milhão de sacas embarcadas, com representatividade de 11,5%, seguido pela variedade canéfora (robusta + conilon), com 526.065 sacas (3,9%) e pelo produto torrado e torrado e moído, com 18.047 sacas (0,1%).
Cafés diferenciados — Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis responderam por 17,7% das exportações totais brasileiras do produto nos primeiros cinco meses de 2023, com o envio de 2,398 milhões de sacas ao exterior. Esse volume representa queda de 4,6% na comparação com o mesmo período do ano antecedente.
O preço médio desse produto foi de US$ 247,66 por saca, proporcionando uma receita de US$ 594 milhões de janeiro ao fim de maio, o que corresponde a 20,1% do obtido com os embarques totais. No comparativo anual, o valor é 22,6% menor do que o aferido no mesmo intervalo anterior.
No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados durante os cinco primeiros meses deste ano, os Estados Unidos estão na ponta, com a aquisição de 665.389 sacas, o equivalente a 27,7% do total desse tipo de produto exportado.
Fechando o top 5, vêm Alemanha, com 329.266 sacas e representatividade de 13,7%; Bélgica, com 250.734 sacas (10,5%); Holanda (Países Baixos), com 116.615 sacas (4,9%); e Itália, com 115.571 sacas (4,8%).
O Cecafé — Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café no âmbito nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui 118 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.